Evento teve a participação de jornalistas, publicitários, designers e relações públicas dos Ministérios Públicos de 24 estados e dos ramos do MPU, com palestras de especialistas em diferentes áreas da comunicação, além de estudos de caso e debates
A Inteligência Artificial (IA) não deve substituir o trabalho humano. Mas pode ser, sim, uma aliada que contribua para ganhos de produtividade e eficiência no dia a dia dos comunicadores.
Essa foi uma das conclusões que resultaram dos debates sobre IA que aconteceram durante o 2° Congresso Nacional de Comunicadores do Ministério Público brasileiro (Conacomp), realizado na sede do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), em Belo Horizonte, entre 7 e 9 de agosto.
O evento, promovido pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), por meio da Comissão de Planejamento Estratégico (CPE), contou com a participação de jornalistas, publicitários, designers e relações-públicas dos Ministérios Públicos de 24 estados e dos ramos do MPU. Na programação, palestras de especialistas em diferentes áreas da comunicação, além de estudos de caso e debates, com o objetivo de promover a troca de experiências e fomentar reflexões sobre os principais desafios da Comunicação Pública institucional.
Primeiro dia
A palestra de abertura do congresso foi da jornalista Dulcinéia Novaes, repórter da TV Globo. Para falar sobre os desafios da comunicação na atualidade, ela contou sobre sua história e trajetória profissional de mais de 40 anos de jornalismo.
A repórter destacou como os avanços e novas tecnologias fizeram com que ela constantemente precisasse se adaptar, caso da pandemia da Covid-19, quando passou a trabalhar de casa. “Tenho que ter coragem para arriscar e humildade para aprender”, ressaltou.
Abertura solene
O congresso prosseguiu na quinta-feira, 8, com a abertura oficial. As boas-vindas aos participantes foram dadas pela coordenadora do Comitê de Políticas Públicas de Comunicação do Ministério Público brasileiro, Waléria Leite, do MP do Mato Grosso do Sul, pela assessora de comunicação chefe da Assessoria de Comunicação Integrada do MPMG, Giselle Borges, e pela Cláudia, apresentadora criada com o uso da Inteligência Artificial.
A solenidade contou com a participação do procurador-geral de Justiça do MPMG, Jarbas Soares Júnior; do presidente da CPE, conselheiro Moacyr Rey Filho; do procurador-geral de Justiça do MP da Bahia e presidente do Grupo Nacional de Comunicação, Transparência e Publicidade (GNCOM) do CNPG, Pedro Maia Souza Marques; do coordenador-geral do Fórum Nacional de Gestão do Ministério Público, Paulo Roberto Ishikawa, e da secretária-geral do MPMG, Cláudia Ferreira Pacheco de Freitas.
Na sequência, Moacyr Rey Filho apresentou o resultado de visitas técnicas aos ministérios públicos de todos os estados brasileiros, realizada para identificação de desafios comuns e oportunidades de melhoria de processos de trabalho. O promotor de Justiça mostrou os desafios de integração entre os diversos órgãos, que muitas vezes se comportam como “ilhas”.
A apresentação abordou o uso de inteligência artificial no trâmite de processos judiciais, debatendo como estas ferramentas podem contribuir para reduzir o déficit na resolução dos processos.
Criatividade, crises e emoção
A palestra seguinte ficou a cargo do fotógrafo, mestre em fotografia e arte, e filmmaker Markos Montenegro, com o tema “A Comunicação Mobile – vídeos de qualidade e agilidade com celular”. Ele apresentou possibilidade e deu dicas para a gravação de vídeos sem a necessidade de equipamentos sofisticados, grandes e pesados.
O próximo painel trouxe uma troca de experiências a partir da atuação de três unidades do Ministério Público em cenários de crise. Jornalistas destas unidades apresentaram como lidaram com as diferentes situações, as lições aprendidas e como as ferramentas disponíveis auxiliaram para que o trabalho alcançasse os resultados esperados e necessários.
Roberta Salinet, do MP do Rio Grande do Sul abordou as recentes enchentes no estado, que, além de demandarem iniciativas muito específicas, gerou também condições extremas de trabalho, com servidores fora de suas casas, sem acesso à rede do MP e demandas que se acumularam por todo o território gaúcho.
Taiana Santos, do MP do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), falou sobre os desafios vividos durante a pandemia de Covid-19. Ela explicou como foi a adaptação interna, para o desenvolvimento de uma interlocução próxima da população, visando ampliar o acesso à informação, passando pela reformulação do conteúdo e da forma como as mensagens eram transmitidas pelos membros do Ministério Público.
Fechando as apresentações, os jornalistas Théo Filipe e Fernanda Magalhães, do MPMG expuseram como foi a atuação da instituição no que diz respeito à comunicação nos episódios dos rompimentos das barragens de mineração em Mariana, em 2015, e em Brumadinho, em 2019, e os avanços das ferramentas de comunicação entre um e outro.
Com o jornalista Marco Piquini a palestra foi “A emoção e a regra na criação coletiva”, quando fez um contraponto entre esses dois aspectos, com foco no ser humano por trás da comunicação.
Em seguida, Piquini mediou a mesa redonda “Campanhas criativas e colaborativas no MP”, tendo como convidados a secretária de comunicação do CNMP, Natália Senna, além de representantes da comunicação do MP de Alagoas, do MPDFT e do MP do Trabalho, que apresentaram cases em que a criatividade se aliou aos métodos e normas para ampliar o alcance das mensagens.
IA e plenária
Na sexta-feira, dia 9, o painel “IA: tecnologia a favor da Comunicação Pública” abriu o dia. A assessora-chefe da CPE, Bruna Damacena, apresentou a aplicação prática de ferramentas de inteligência artificial para reduzir o tempo de trabalho gasto com tarefas burocráticas e repetitivas. A apresentação trouxe exemplos do uso de IA generativa, aquela que possibilita criar textos, imagens, apresentações e outros conteúdos a partir de comandos escritos pelo usuário. “Precisamos nos capacitar para uso correto do prompt de comando, para que a inteligência artificial não crie conteúdos mal formulados ou fora de contexto”, explicou.
Em seguida, a pesquisadora e professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Geane Alzamora, mestra e doutora em Comunicação e Semiótica, lembrou que o uso de inteligências artificiais ainda é muito recente e que as ferramentas são ainda efêmeras.
Ela alertou para o excesso de informação que poderá advir da disseminação das ferramentas e o risco do uso inapropriado e lembrou que a adoção de tecnologias deverá seguir os princípios da comunicação pública, por meio de diretrizes institucionais predefinidas. Entre essas diretrizes deve estar a transparência, com os comunicadores relatando ao público quais são as ferramentas usadas.
O professor e palestrante em Negócios Digitais, Marketing e Inovação e integrante da Associação Brasileira de Comunicação Pública (ABCPública), Fernando Souza trouxe um panorama do debate sobre a adoção da inteligência artificial na associação.
Ele aponta que os setores de tecnologia da informação de cada órgão público precisam conhecer as ferramentas disponíveis e pensar os usos corretos, indicando aos servidores aquelas que tiverem as melhores soluções em termos não apenas de custos, mas também de privacidade dos dados e propriedade intelectual.
Grupos de trabalho
Ao fim das discussões, o congresso seguiu para uma plenária final. Os presentes debateram e aprovaram a criação de três grupos de trabalho. O primeiro discutirá a realização articulada e coordenada de campanhas nacionais pelos ministérios públicos de cada estado. O segundo GT terá como foco a adoção das ferramentas e plataformas de inteligência artificial pelos comunicadores públicos. O terceiro grupo reunirá informações sobre governança, como contratos, licitações e outras rotinas técnicas e administrativas dos departamentos de comunicação. Em complementação, Salvador foi aclamada como sede do próximo Conacomp, em 2025.
Com o encerramento da plenária, os participantes visitaram o Memorial e a Assessoria de Comunicação Integrada (Asscom) do MPMG. Os coordenadores dos departamentos de Publicidade, Jornalismo e Cerimonial e Relações Públicas apresentaram a estrutura e bateram um papo com os visitantes, que conheceram os estúdios da TV MP e da Rádio MP.