Nos bastidores das cozinhas profissionais, onde pratos ganham forma com precisão e talento, existe uma realidade silenciosa: o adoecimento mental dos chefs de cozinha. A pressão por excelência, aliada a jornadas desgastantes e à falta de valorização financeira, vem comprometendo a saúde emocional desses profissionais.
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Cozinhas são territórios de alta pressão
Chefs atuam sob intensas cobranças por agilidade, perfeição e desempenho, muitas vezes em turnos que ultrapassam 12 horas diárias. A rotina inclui trabalhar finais de semana, feriados e datas comemorativas — períodos de maior movimento para bares e restaurantes.
Esse ritmo frenético, somado à competitividade e ao ambiente de tensão, pode levar ao esgotamento físico e psicológico. A exigência por constância e criatividade transforma a cozinha em um espaço onde não há margem para falhas — e isso cobra um alto preço.
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Gastronomia e saúde mental: uma combinação em risco
Estudos internacionais já apontaram que a gastronomia está entre as áreas com maior incidência de transtornos relacionados ao estresse, como ansiedade e burnout. A ausência de pausas adequadas, o desequilíbrio entre vida pessoal e profissional e a invisibilidade do sofrimento emocional são alguns dos fatores que agravam o problema.
Além disso, muitos chefs relatam que o reconhecimento do seu trabalho ainda é restrito ao status nas redes sociais, deixando de lado aspectos fundamentais como remuneração justa, respeito às folgas e suporte psicológico.
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Remuneração e reconhecimento ainda são desafios
Mesmo sendo figuras centrais dentro de um restaurante, muitos chefs recebem salários baixos e não contam com benefícios como plano de saúde ou auxílio psicológico. A valorização profissional precisa ir além da vitrine — e alcançar a base: as condições dignas de trabalho.
Rever políticas de contratação, oferecer apoio emocional e criar uma cultura mais humana dentro das cozinhas são caminhos essenciais para transformar essa realidade.
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Valorizar quem cozinha é urgente
A discussão sobre a saúde mental de chefs de cozinha precisa sair da invisibilidade. Esses profissionais são artistas, gestores e líderes. Cuidar da saúde emocional deles não é apenas uma questão de bem-estar — é uma forma de garantir a qualidade do serviço, a segurança alimentar e o futuro da gastronomia.
Valorizar quem cozinha é reconhecer que, por trás de cada prato servido, existe alguém que também precisa ser nutrido com respeito, cuidado e dignidade.