*Por Rafael Kenji Hamada, médico, CEO da FHE Ventures e da Health Angels Venture Builder
O Produto Mínimo Viável (MVP) é a maneira mais simples de uma empresa validar uma nova solução. Especialmente para startups, que são conhecidas por sua abordagem inovadora e ágil, o MVP permite uma rápida compreensão do comportamento do cliente em relação ao que é lançado. Isso não só facilita futuros ajustes e melhorias, mas também contribui significativamente para a redução de riscos e custos associados ao desenvolvimento de produtos e serviços inovadores.
Ajudando a reduzir riscos e custos
O MVP é a primeira versão de um produto ou serviço, projetado para atender às necessidades básicas dos primeiros clientes, conhecidos como early adopters. Esse modelo simplificado é lançado no mercado para validar a viabilidade do produto, permitindo que a startup colete feedbacks dos usuários reais. Com base nessa resposta, a empresa pode aperfeiçoar o lançamento ao longo do tempo, melhorando sua oferta e a experiência do comprador.
Após o MVP lançado, pesquisas de satisfação e coleta de feedbacks devem ser realizadas, para que erros sejam corrigidos e o produto melhore. Para o teste de validação do MPV existem os testes alpha, quando o MVP é lançado para um grupo restrito de pessoas, e o teste beta, quando o público geral tem acesso ao produto.
O Instagram, por exemplo, constantemente realiza um teste beta no Brasil, um dos países com o maior volume de usuários na rede social. Depois, caso o teste seja validado, ele expande para outros países. Foi o que aconteceu com a ferramenta stories, após a escalada do Snapchat nos Estados Unidos.
Principal obstáculo hoje
O principal desafio que as startups devem vencer hoje é compreender que não é necessário ter o melhor produto para começar a vender, mas sim uma versão inicial — simples e facilmente validável — que pode ser aprimorada com o tempo. Também é crucial reconhecer que o item ideal para o fundador pode não ser o preferido do mercado em geral. Isso requer uma mentalidade de foco no problema a ser resolvido, como defendido pelo autor Uri Levine, em seu livro Apaixone-se pelo problema, não pela solução. Muitas vezes, os empreendedores acreditam que têm o melhor a oferecer, sem realmente entender as necessidades dos compradores, o que pode levar à resistência a mudanças e dificultar o sucesso da startup.
Métricas de validação do MVP
Para validar o MVP, as startups utilizam métricas como a adesão (refletida nas vendas e, consequentemente, na receita) e a churn, que é a desistência do cliente. A partir da receita e das desistências é possível avaliar outra métrica, a chamada LTV, ou Lifetime Value, que representa o tempo que o usuário utiliza o item. Outra métrica importante é a CAC, ou Custo de Aquisição do Cliente, que é o esforço necessário para que cada comprador seja convertido, através de marketing e estratégias de vendas. Após o consumo e o feedback do usuário, outras métricas podem ser avaliadas, como o NPS, ou Net Promote Score, e a Customer Satisfaction (CSAT), que avaliam a satisfação dos compradores e ajudam a empresa a identificar áreas de melhoria.
Em resumo, o MVP é uma ferramenta poderosa que permite às startups reduzir riscos e custos ao desenvolver uma solução. Ao lançar uma versão inicial e simplificada de um item, a empresa pode validar rapidamente sua oferta no mercado, coletar feedbacks e ajustar sua estratégia com base nas necessidades de quem compra. Essa abordagem interativa e centrada no consumidor é essencial para o sucesso e a criação de produtos inovadores que atendam às demandas dos clientes.
*Rafael Kenji Hamada é médico, CEO da FHE Ventures e da Health Angels Venture Builder, fundos de investimento no formato de venture builder, com tese em saúde e educação. E-mail: rafaelkenji@nbpress.com.br
Sobre Rafael Kenji
Rafael Kenji Fonseca Hamada é médico e empreendedor mineiro, especialista em investimentos. Speaker do TEDx FCMMG, Rafael é também palestrante e professor no MBA de Gestão em Saúde 4.0 do BBI of Chicago. É CEO da FHE Ventures e da Health Angels Venture Builder, fundos de investimento em formato de venture builder pioneiros em healthtechs, além de fundador da Edtech Academy Abroad, que tem foco em impulsionamento de carreira. Rafael Kenji é conhecido por seu trabalho no setor de saúde, particularmente em relação ao uso da tecnologia para melhorar a qualidade da assistência médica. Ex-gerente médico da Conexa e ex-diretor comercial do Jaleko, é mentor e palestrante sobre temas como inovação, empreendedorismo, healthtechs, telemedicina e gestão em saúde.