A perenidade das empresas é a grande preocupação que permeia a maior parte das organizações privadas no Brasil e no mundo. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que 90% das empresas têm perfil familiar no Brasil. Elas empregam cerca de 75% da mão de obra no país e representam metade do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Mas, na medida em que o tempo passa, segundo levantamento do Banco Mundial, só 30% dessas empresas familiares chegam até a 3ª geração e apenas metade delas sobrevive.
Para lidar com esta realidade, o Grupo Soares implantou os encontros da terceira geração com o propósito de discutir e integrar os jovens herdeiros com os propósitos da corporação e já despertá-los para o seu papel futuro dentro do grupo fundado há cerca de 60 anos.
As reuniões iniciaram neste ano. São trimestrais e contam com a presença de dez sucessores de 14 a 33 anos. O Conselho de Administração conduz os encontros, que são momentos em que os jovens são estimulados a refletir sobre o futuro profissional, carreira e projetos.
“O objetivo é mostrar que eles são os donos da própria carreira, que essa carreira tem múltiplas possibilidades, mas sem esquecer que são herdeiros e, portanto, tem que se preparar para que um dia eles tenham condições de gerir a empresa, sejam eles próprios ou por meio de um representante qualificado”, informa Marcelo Camorim, presidente do Conselho de Administração do Grupo Soares.
Também especialista em governança corporativa Camorim comentou que a decisão de se promover estes encontros foi uma forma de lidar com um dos grandes gargalos das empresas familiares: a dificuldade de manter a coesão de interesse e propósitos especialmente nas gerações seguintes a do fundador, que vivem em contextos diferentes e não tem a mesma paixão pelo negócio.
Camorim observa que muitos herdeiros não querem seguir o mesmo caminho da família e tem projetos de carreira diferentes e isto não é um problema. “Ele apenas precisa ter consciência de que ele não vai deixar de ser herdeiro e, portanto, precisa eleger um representante preparado para sua cadeira no conselho e saber fazer as perguntas certas a este representante para acompanhar a performance dele”, diz.
Os encontros da terceira geração fazem parte do processo da profissionalização de gestão do Grupo Soares. Na gestão profissionalizada, os membros da família não são obrigatoriamente integrantes da gestão ou direção operacional. O sistema é híbrido com profissionais capacitados do mercado de trabalho que possam contribuir para diversificar as ideias e projetos que a empresa vai adotar. Por meio de um sistema de governança, o conselho de família e de administração analisam as decisões e resultados por meio, inclusive, de auditorias externas.