Filarmônica de Minas apresenta “A Sagração da Primavera” e recebe Arnaldo Cohen como “Imperador” de Beethoven.

Crédito: Divlugação

Uma das obras mais revolucionárias da história da música, a incomparável A Sagração da Primavera, será apresentada pela primeira vez na Sala Minas Gerais pela Filarmônica de Minas Gerais, nos dias 18 e 19 de setembro, às 20h30. O grande pianista brasileiro Arnaldo Cohen é o convidado das duas noites para interpretar o arrebatador Concerto Imperador de Beethoven, numa apresentação que promete ser memorável. A regência é do maestro Fabio Mechetti, Diretor Artístico e Regente Titular da Filarmônica de Minas Gerais. Os ingressos estão à venda no site www.filarmonica.art.br e na bilheteria da Sala Minas Gerais, a partir de R$ 39,60 (inteira) e R$ 19,80 (meia).

Para o maestro Fabio Mechetti, “em um dos concertos mais esperados da temporada, a Filarmônica apresenta, pela primeira vez na Sala Minas Gerais, a sempre ousada e revolucionária ‘Sagração da Primavera’, uma das maiores obras do século XX, celebrando a chegada da Primavera entre nós. No palco, quase 100 músicos se unirão para recriar uma experiência única, que une grandes desafios técnicos e intensa força emocional. Ao mesmo tempo, teremos a sempre celebrada presença de um dos maiores pianistas de todos os tempos, Arnaldo Cohen, interpretando um dos concertos mais queridos do repertório pianístico, o ‘Imperador’, de Beethoven.”

Este projeto é apresentado pelo Ministério da Cultura e pelo Governo de Minas Gerais por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Mantenedor: Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais. Patrocínio: Itaú Unibanco. Apoio: Circuito Liberdade e Programa Amigos da Filarmônica. Realização: Instituto Cultural Filarmônica, Governo de Minas Gerais, Funarte, Ministério da Cultura e Governo Federal.

Maestro Fabio MechettiDiretor Artístico e Regente Titular da Filarmônica de Minas Gerais

 

Desde 2008, Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, sendo responsável pela implementação de um dos projetos mais bem-sucedidos no cenário musical brasileiro.

Construiu uma sólida carreira nos Estados Unidos, onde esteve à frente da Orquestra Sinfônica de Jacksonville por quatorze anos (1999–2014), tendo recebido o título de Regente Titular Emérito. Foi também Regente Titular das orquestras sinfônicas de Syracuse (1992–1999) e de Spokane (1993–2004), nesta última atuando como Regente Laureado. Em 2014, tornou-se o primeiro maestro brasileiro a assumir a Regência Titular de uma orquestra asiática, ao aceitar o convite da Orquestra Filarmônica da Malásia, onde permaneceu por dois anos.

Ainda nos Estados Unidos, atuou como Regente Associado de Mstislav Rostropovich, na Orquestra Sinfônica Nacional de Washington, com a qual se apresentou no Kennedy Center e no Capitólio. Foi também Regente Residente da Orquestra Sinfônica de San Diego. Estreou no Carnegie Hall, em Nova York, conduzindo a Orquestra Sinfônica de Nova Jersey, e tem dirigido inúmeras orquestras norte-americanas, como as de Seattle, Buffalo, Utah, Rochester, Phoenix, Columbus, entre outras. É presença constante nos festivais de verão nos Estados Unidos, como os de Grant Park, em Chicago, e Chautauqua, em Nova York.

Vencedor do Concurso Internacional de Regência Nicolai Malko, na Dinamarca, Mechetti rege regularmente na Escandinávia, com destaque para a Orquestra da Rádio Dinamarquesa e a Orquestra de Helsingborg, na Suécia. Na Finlândia, dirigiu a Filarmônica de Tampere; na Itália, a Orquestra Sinfônica de Roma e a Orquestra do Ateneo, em Milão; na Dinamarca, a Filarmônica de Odense; na Escócia, a BBC Scottish Symphony; além de ter conduzido a Sinfônica Nacional da Colômbia e estreado no Festival Casals com a Sinfônica de Porto Rico. Na Argentina, rege regularmente a Filarmônica do Teatro Colón.

No Brasil, tem sido convidado a reger a Osesp, a Sinfônica Brasileira, as orquestras municipais de São Paulo e do Rio de Janeiro, a Sinfônica do Paraná, a Petrobrás Sinfônica, entre outras. Trabalhou com artistas como Alicia de Larrocha, Thomas Hampson, Frederica von Stade, Arnaldo Cohen, Nelson Freire, Antonio Meneses, Emanuel Ax, Gil Shaham, Midori, Evelyn Glennie e Kathleen Battle, entre outros.

Natural de São Paulo, Fabio Mechetti é Mestre em Composição e em Regência pela Juilliard School de Nova York.

Arnaldo Cohen, piano

 

Arnaldo Cohen é um dos mais consagrados pianistas do Brasil. Em 50 anos de carreira, apresentou-se como solista em mais de 4 mil concertos, acompanhando orquestras como a Filarmônica de Londres, a Royal Philharmonic Orchestra, a Philharmonia e a Orquestra de Cleveland. Colaborou com regentes do calibre de Yehudi Menuhin, Kurt Masur e Wolfgang Sawallisch, e tocou em alguns dos maiores teatros do mundo, incluindo o Scala de Milão, o Concertgebouw, o Teatro de Champs-Elysées e o Royal Albert Hall. Lançou sua carreira após vencer o Concurso Internacional de Piano Busoni, em 1972. Na Inglaterra, atuou também como professor na Royal Academy of Music e no Royal Northern College of Music. Em 2004, assumiu uma cátedra vitalícia na Escola de Música da Universidade de Indiana (EUA). Colaborador de longa data da Filarmônica e do maestro Fabio Mechetti, Cohen foi um de nossos primeiros pianistas convidados, acompanhou-nos em turnês pelo Brasil e apresentou-se diversas vezes na Sala Minas Gerais. Em 2018, celebrou conosco os seus 70 anos de vida e os 10 anos da Filarmônica em um concerto especial.

Repertório

 

Ludwig van Beethoven (Bonn, Alemanha, 1770 – Viena, Áustria, 1827) e a obra Concerto para piano nº 5 em Mi bemol maior, op. 73, “Imperador” (1809)

Último concerto para piano e orquestra escrito por Beethoven, o Concerto para piano nº 5 começou a ser composto em 1809 e foi finalizado em 1811, ano de sua estreia com a Orquestra da Gewandhaus de Leipzig, sob a regência de Johann Philipp Christian Schulz. O solista não foi Beethoven, cuja surdez encontrava-se já bem avançada, mas o compositor e pianista Friedrich Schneider.

O subtítulo “Imperador” foi dado provavelmente pelo editor da obra em Londres, Johann B. Cramer. Beethoven, por sua vez, nunca teve simpatia por imperadores, como atesta o incidente bastante conhecido em torno de sua Terceira Sinfonia, hoje conhecida como “Eroica”. Inicialmente, a sinfonia incluía o subtítulo “Bonaparte”, em homenagem a Napoleão, pois, na visão de Beethoven, tratava-se de uma figura que incorporava os nobres ideais da Revolução Francesa. Mas, quando o General se autoproclamou Imperador dos Franceses em maio de 1804, o inconformado Beethoven apagou a dedicatória com tanta força que acabou rasgando o papel.

Com o Concerto para piano nº 5, Beethoven conseguiu aliar grandiosidade, virtuosismo e intimidade em uma única obra. Ao longo dos três movimentos, piano e orquestra travam alguns dos diálogos mais exuberantes da história da música. Uma importante dimensão desses diálogos consiste nos contrastes entre a apresentação de temas grandiosos na orquestra e sua reapresentação delicada ao piano. Apesar de tal discrepância, em nenhum momento deixamos de perceber o piano como o grande participante da cena, com passagens que atestam sem a menor hesitação o seu papel de protagonista. É, talvez, nesse contraste entre heroísmo e delicadeza que reside a chave do encanto do Concerto.

Igor Stravinsky (São Petersburgo, Rússia, 1882 – Nova York, Estados Unidos, 1971) e a obra A Sagração da Primavera (1911-1913 l Rev. 1943)

 

A Sagração da Primavera é uma obra atemporal. O argumento que lhe dá origem é um mergulho na noite dos tempos e sua realização musical parece ter, ao lado de uma evidente modernidade, algo de uma força atávica. Stravinsky conta que a ideia da composição lhe ocorreu a partir da visão de uma jovem circundada por sábios em uma dança ritual que culminaria em sua morte – uma oferenda para tornar propício o deus da primavera. O passo seguinte foi dado quando o compositor e seu amigo Nikolai Roerich, pintor e intelectual russo interessado na antiguidade eslava, idealizaram o cenário de danças e de ritos encantatórios que serviriam de fio condutor para a obra.

O balé ganhou notoriedade imediata pelas audácias musicais mais diversas: harmonias, texturas, invenções orquestrais, rítmica… Muito embora os balés anteriores – O Pássaro de Fogo (1910) e Petrushka (1911), também encomendados pela companhia dos Ballets Russes de Sergei Diaghilev – já apresentassem facetas particulares da linguagem stravinskyana, é com a Sagração que ocorre, de modo peculiar, a eclosão de uma rítmica arrebatadora e de um tratamento motívico particular, ao qual se subordinam breves fragmentos melódicos.

Seja como for, o tumulto que transformou a estreia da Sagração, ocorrida em 29 de maio de 1913, no Théâtre des Champs-Elysées, em uma verdadeira batalha entre defensores e detratores pode ser atribuído, apenas em parte, à música. A ela, somaram-se uma coreografia e um figurino surpreendentes, além do argumento, de um primitivismo desafiador frente a convenções morais e sociais. Reações adversas partiram de todos os cantos, inclusive da imprensa. Stravinsky, no entanto, relatou após a estreia: “Estávamos excitados, zangados, desgostosos e… felizes”.

Apresentada como obra de concerto, A Sagração da Primavera não perde a força da evocação, presente nos títulos sugestivos das diversas cenas e, mais ainda, na música impactante que, muito além de simplesmente descrever, parece incorporar a magia. A primeira parte do balé é nomeada “Adoração da Terra”. Logo na “Introdução”, Stravinsky estabelece um elo entre o moderno e o imemorial ao confiar ao registro extremo agudo do fagote uma melodia de inspiração folclórica, envolta em harmonias que são o ponto de partida para inúmeras invenções por vir. Na cena seguinte, “Augúrios Primaveris: Dança das Adolescentes”, o aspecto rítmico apresenta um primeiro forte contraste, com seus densos acordes insistentemente repetidos nas cordas, marcadas pelas intervenções das trompas.

Ao longo da obra, observamos diversas transformações no tecido musical, como em “Círculos da Primavera”, quando uma mudança brusca proporcionada pelos trinados das flautas instaura uma ambiência camerística. A Sagração vale-se de um efetivo instrumental excepcionalmente numeroso, mas não lhe faltam momentos de meias-tintas e de transparências. Na intensa “Dança da Terra”, a atividade rítmica toma a cena e invade toda a orquestra.

A segunda parte, “O Sacrifício”, é inaugurada com uma cena densa, que nos deixa entrever, em breves clareiras, a lenta formação de uma melodia que vai ganhar corpo com as violas em “Círculos Místicos das Adolescentes”. É uma cena de sequência quase camerística, que contrasta com a exaltada “Glorificação da Escolhida”. A “Dança Sacral” encerra A Sagração da Primavera com uma longa cena em rondó, operando como o ponto de convergência das forças acumuladas ao longo da obra, essa jovem centenária, cheia de energia, que nos fala de morte e renascimento. Para nós, resta o privilégio do arrebatamento e, pelos sortilégios da Sagração, a possibilidade de deixarmos o teatro felizes, exaltados e… encantados.

Filarmônica de Minas Gerais

 

Série Presto

18 de setembro – 20h30

Sala Minas Gerais

 

Série Veloce

19 de setembro – 20h30

Sala Minas Gerais

Fabio Mechetti, regente

Arnaldo Cohen, piano

BEETHOVEN       Concerto para piano nº 5 em Mi bemol maior, op.73, “Imperador”

STRAVINSKY      A Sagração da Primavera

INGRESSOS:

R$ 39,60 (Mezanino), R$ 54 (Coro), R$ 54 (Terraço), R$ 78 (Balcão Palco), R$ 98 (Balcão Lateral), R$ 133 (Plateia Central), R$ 172 (Balcão Principal) e R$ 193 (Camarote).

Ingressos para Coro e Terraço serão comercializados somente após a venda dos demais setores.

Meia-entrada para estudantes, maiores de 60 anos, jovens de baixa renda e pessoas com deficiência, de acordo com a legislação.

Informações: (31) 3219-9000 ou www.filarmonica.art.br

Total
0
Shares
Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Relacionados