Com palhaçaria, máscara teatral e bonecos, o ator premiado Ricardo Ikier, conta a história do circo Paradise que enfrenta desafios diante da evolução tecnológica. Com acesso gratuito, a peça percorre nove praças, parques e centros culturais da capital, de 23 de novembro a 14 de dezembro.
No dia 23 de novembro, sábado, às 11h, o Parque Municipal (em frente ao Teatro Chico Nunes) se torna palco para a estreia do espetáculo de circo “A Fotografia” – novo trabalho do ator Ricardo Ikier, que também assina a dramaturgia. Em cena, palhaço, máscaras teatrais e bonecos narram a comovente e divertida história do circo Paradise, que luta com poesia e arte para sobreviver aos avanços da tecnologia. Com direção do bailarino, coreógrafo, ator, palhaço e artista circense, Ronaldo Aguiar, “Fotografia” pode ser vista, de graça, em nove praças, parques e centros culturais da capital até dezembro deste ano.
No dia 24/11, domingo, o espetáculo se apresenta na Praça Duque de Caxias, no dia 29/11, sexta-feira, no Centro Cultural Venda Nova, no dia 30/11, sábado, na Praça do Encontro, no dia 01/12, domingo, no Parque Nossa Senhor da Piedade, no dia 06/12, sexta-feira, no Centro Cultural Vila Marçola, no dia 07/12, sábado, na Praça Floriano Peixoto, no dia 08/12, domingo, no Parque Lagoa do Nado, e no dia 14/12, encerra circulação de estreia no Centro Cultural Usina de Cultura. Todas as apresentações possuem acessibilidade em Libras, exceto no dia 7/12. A classificação é livre. Este projeto é realizado através da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte, e conta com patrocínio do Instituto Unimed-BH.
O processo
Tudo começa a partir de uma memória de infância. Em uma das idas ao circo, quando criança, o ator se lembra de uma foto tirada ao lado do pai. “Veio um palhaço atrás de nós e o fotógrafo registrou o momento, que ficou imortalizado em um monóculo, que nos foi vendido ao final da apresentação. Lembro de ter gostado do circo, apesar de hoje já não me lembrar mais do espetáculo. Mas daquela foto, nunca me esqueci. A foto se perdeu, com o tempo, mas a imagem ficou gravada em mim”, lembra Ricardo Ikier.
Mais tarde, ator já formado pelo Teatro Universitário, e mais de 20 anos de pesquisa nas máscaras teatrais, com mestres como Tiche Vianna, Esio Magalhães, Fernando Linares, Rogério Lopes, Ricardo Ikier retoma lembranças de infância no circo e decide experimentar a “menor máscara do mundo”: o nariz vermelho. O ator mergulha em estudos e práticas da palhaçaria que resultam em seu palhaço-fotógrafo Canhoto. Em Campinas (SP), durante a graduação em artes cênicas na Unicamp, segue as pesquisas por cinco anos na Damião e Cia. Em 2019, entra para o corpo artístico de palhaços do Instituto Hahaha e, paralelamente, atua em trabalhos com o Grupo Trampulim, a Cia Caxangá e o Grupo de Teatro Quase Mudo (Campinas).
Após longa trajetória artística, que também acumula prêmios de Melhor ator e Melhor maquiagem, pelo espetáculo “As presepadas de Damião, de como fez fortuna venceu o diabo e enganou a morte com as graças de Jesus Cristo”, e Melhor ator coadjuvante por “Cocoricó-sol: férias na fazenda” (Cia drástica), Ikier decide se dedicar à montagem de seu primeiro trabalho solo e convida o multiartista Ronaldo Aguiar para dirigir.
“Ele me perguntou quais habilidades do palhaço gostaria de levar para a cena: música, malabares, mágicas, etc. No primeiro dia de ensaio falei da minha pesquisa com as máscaras. Coloquei algumas delas no rosto e Ronaldo disse: ‘temos um caminho’ “, lembra o ator.
A cena
Com cenário e figurinos de Luiz Dias, durante a peça, o público entra em contato com o universo do circo e todo seu imaginário, o picadeiro, as cores vibrantes da lona. Em cena, o ator manipula diferentes máscaras, sob a preparação do artista Rafael Bottaro. Uma delas é inspirada na commedia dell’arte e foi confeccionada pelo próprio Ikier. A peça traz ainda as máscaras balinesas e uma máscara de velho, feita pelas mãos do mascareiro argentino Fernando Linares. “Elas foram utilizadas como recurso para representar os artistas do circo como o mágico russo – mestre de encantamentos-, Enrick e seus malabares, o homem mais forte do mundo – cuja força tem forma de poesia -, entre outros”, comenta o ator.
O espetáculo traz ainda o palhaço Canhoto e mais dois bonecos que são as máquinas fotográficas. Ikier conta que, na trama, o palhaço é um fotógrafo e para a dona do Circo Paradise, “quem tira fotos, não é artista’. “Pensando no contexto em que o circo está inserido hoje, de permanente ameaça de extinção, veio pra mim essa questão sobre o palhaço fotógrafo do circo. Ele existe? Hoje ele teria trabalho no circo? Ou foi atropelado pela tecnologia e pelos celulares – fotógrafos portáteis que todos trazem no bolso? Como fica o circo e a sobrevivência do artista frente à tecnologia? Eu, por exemplo, não sou de família tradicional circense. Estou no caminho do circo por outras vias que antes não eram comuns nos artistas e palhaços de antes. Vim do teatro e trabalho com o circo que me sustenta e sempre ouvi na história do circo que ele fora e estava sendo ameaçado de acabar. Mas não acabou. Acredito que se renova sempre e persiste no tempo. Vive na história, numa foto, numa lembrança de criança”, afirma.
Sinopse
Venham, venham ver! O circo e suas memórias, as cores vibrantes da lona a dançar ao vento. Artistas de sonhos, sob a luz que cintila, registros fascinantes do nosso fotógrafo: o palhaço Canhoto, guardião das risadas.
Admirem os grandes artistas do circo Paradise: Um mágico russo, mestre de encantamentos, Enrick, com seus malabares, arte em movimento, o homem mais forte do mundo, força em forma de poesia. E mais: um show de calouros, talentos a brilhar! Venham! E ao final, em uníssono, digam “X”!
Ficha Técnica
Direção: Ronaldo Aguiar
Atuação e dramaturgia: Ricardo Ikier
Gestão de projeto e coordenação de produção: Lori Moreira
Preparação musical: Nanda Dearo
Preparação das máscaras: Rafael Bottaro
Produção executiva: Bruna Aranha
Cenário e figurino: Luiz Dias
Operação de som: Sitaram Custódio
Assessoria de imprensa: Beatriz França – Rizoma Comunicação & Arte