No Dia Nacional de Combate ao Colesterol (8/8), especialistas alertam para o risco silencioso do colesterol alto, um dos principais fatores para doenças cardiovasculares, responsáveis pela maior causa de mortes no Brasil
As doenças cardiovasculares ocupam o primeiro lugar entre as causas de morte no Brasil, com mais de 350 mil óbitos por ano, segundo o Ministério da Saúde. O estudo Prevalência de colesterol total e frações alterados na população adulta brasileira: Pesquisa Nacional de Saúde, mostra que pela primeira vez no Brasil, a prevalência de níveis de colesterol total, LDL e HDL alterados e aponta que cerca de um terço dos adultos apresentam alterações do colesterol.A condição é um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares como infarto e AVC, que lideram o ranking de mortes no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde.
Embora essencial para funções importantes do organismo, como a produção de hormônios e a estrutura das células, o colesterol em níveis elevados, especialmente o LDL, conhecido como “colesterol ruim”, favorece o acúmulo de placas nas artérias. Esse processo estreita os vasos e aumenta a probabilidade de infarto e acidente vascular cerebral (AVC). No Dia Nacional do Colesterol, celebrado em 8 de agosto, especialistas destacam a importância do diagnóstico precoce e de hábitos saudáveis para evitar complicações.
Dados apresentados no estudo mostram que a prevalência de colesterol total maior ou igual a 200 mg/dL na população foi de 32,7%, e mais elevada em mulheres (35,1%). Já a prevalência de HDL alterado foi de 31,8%, sendo de 42,8% no sexo masculino e 22,0% no feminino. O LDL maior ou igual 130 mg/dL foi observado em 18,6%, com prevalência mais elevada em mulheres (19,9%).
Outro estudo da Universidade Federal de Minas Gerais mostra que no Brasil 27% das crianças e adolescentes têm colesterol alto e cerca de 20%, 1 em cada 5, tem o LDL alto, também conhecido como “colesterol ruim”.
Interesse crescente em colesterol aquece buscas pelo termo
Dados da Doctoralia, maior plataforma de agendamento de consultas do mundo, revelam um crescimento expressivo na procura por informações relacionadas ao colesterol. Entre o segundo semestre de 2024 e os primeiros sete meses de 2025, a busca pelo termo duplicou, o que reflete um interesse cada vez maior da população no tema.
“Os termos mais buscados como “colesterol alto” e “hipercolesterolemia” também são os que geram maior volume de cliques em perfis médicos”, destaca Flávia Soccol, Head de Patient Care da Doctoralia. “Além disso, condições relacionadas, ainda que com menor volume de buscas como “fígado gorduroso”, “disbiose intestinal”, “obesidade” e “nódulo da glândula tireoide” despertam atenção e geram procura ativa por profissionais da área.”
Esses dados reforçam não apenas a relevância do tema para a saúde da população, mas também a oportunidade estratégica para especialistas que desejam ampliar sua visibilidade e se conectar com pacientes que estão em busca de orientação e cuidados médicos.
Na seção Pergunte ao Especialista, há cerca de 900 questões relacionadas ao colesterol, que em 2024 receberam 429.511 visualizações. Nos primeiros sete meses de 2024, foram mais de 289 mil visualizações, e no mesmo período em 2025, mais de 98 mil. As perguntas mais acessadas tratam, principalmente, de dúvidas sobre alimentação, medicamentos e tratamentos. Entre elas estão questões como quais alimentos excluir da dieta em caso de colesterol alto, o consumo de ovos para quem tem triglicérides e colesterol elevados, o consumo de arroz branco, interpretações de exames com alterações hepáticas associadas ao colesterol, e o tempo que medicamentos como a sinvastatina levam para reduzir o colesterol.
Sobre esse aumento da busca por informação e o controle do colesterol, o cardiologista Mozar Suzigan, médico parceiro da Doctoralia, destaca que o controle do colesterol é um dos principais pilares da saúde cardiovascular e deve ser prioridade em todas as idades. “Pequenas mudanças de hábitos trazem benefícios duradouros”, destaca.
Confira 5 dicas para controlar o colesterol
- Adote uma alimentação saudável. Invista em frutas, verduras, legumes e grãos integrais. Reduza gorduras saturadas (frituras, carnes gordurosas, embutidos), evite também o consumo excessivo de açúcar e carboidratos refinados, e limite o consumo de ultraprocessados.
- Pratique atividades físicas regularmente. O exercício ajuda a aumentar o HDL (“colesterol bom”) e controlar o peso.
- Mantenha o peso adequado. O sobrepeso e a obesidade estão diretamente ligados ao aumento do colesterol.
- Evite fumar e consumir álcool em excesso. O tabagismo e o álcool contribuem para alterações no perfil lipídico.
- Realize exames periódicos. O acompanhamento médico e a avaliação regular do colesterol são essenciais para identificar alterações precocemente e prevenir doenças cardiovasculares.
Fique atento aos sinais
O colesterol alto raramente apresenta sintomas. Por isso, a melhor forma de prevenção é a orientação médica e os exames de rotina. “O controle do colesterol é um dos pilares da saúde cardiovascular e deve ser prioridade em todas as idades. Pequenas mudanças de hábitos trazem benefícios duradouros”, ressalta o cardiologista.
Novidades no tratamento do colesterol
No Brasil, as novidades no tratamento do colesterol alto incluem duas classes promissoras de medicações injetáveis e orais. Entre as injetáveis, destaca-se o inclisirana, aprovado pela Anvisa, que age ao limitar a produção da proteína PCSK9 no fígado, responsável pela degradação dos receptores que removem o LDL (“colesterol ruim”) da circulação sanguínea. “Todo adulto deve saber os seus valores de colesterol, apolipoproteina B e lipoproteína A e conhecendo os seus números, vai juntamente com o seu médico entender o quanto precisa controlar, e se é necessário reduzir esses valores, seja com remédios ou com mudanças no estilo de vida. O controle do colesterol sempre deve ser prioridade”, explica Dr. Mozar Suzigan.
Além do inclisirana, os inibidores de pcsk9 já estão no mercado, e também são injetáveis e levam a grandes reduções no colesterol
A chegada de um novo medicamento oral com a ação do ácido bempedoico, que age como um inibidor da ATP-citrato liase (enzima envolvida na produção de colesterol no fígado) também é uma aposta no tratamento. Essa nova classe de medicação representa uma opção para pacientes que não toleram as estatinas ou para complementar o tratamento, reduzindo o colesterol LDL com menor risco de efeitos colaterais musculares. “Essas medicações são indicadas principalmente para casos em que o paciente apresenta alta resistência ao tratamento convencional, é intolerante às estatinas e ezetimiba, ou mantém níveis elevados de colesterol apesar das terapias padrão”, afirma o cardiologista.
As injeções, como o inclisirana e os inibidores de pcsk9, ainda são muito caras e, por isso, indicadas para perfis específicos de pacientes com necessidades clínicas graves. “Essas inovações podem mudar muito a maneira dos pacientes verem o tratamento e facilitar muito a adesão ao controle do colesterol, além de abrirem um novo capítulo no manejo da hipercolesterolemia no Brasil e no mundo”, finaliza o especialista.