07/06 – Nova exposição do Memorial Vale reúne obras dos premiados na 7ª edição do Edital Novos Artistas

Crédito_ Daiely Gonçalves

“abrir-se um abutre ou mesmo depois de deduzir dele o azul” propõem um passeio por diferentes possibilidades de estabelecer diálogos acerca de identidades, resistências, multiplicidades e movimentos, combinando lirismo e questões sociais. A mostra poderá ser visitada de 8 de junho a 27 de julho

O Memorial Vale recebe a exposição “abrir-se um abutre ou mesmo depois de deduzir dele o azul” a partir do próximo sábado, 8 de junho. A mostra reúne trabalhos dos quatro artistas premiados na 7ª edição do Edital Novos Artistas do Memorial: Ana Raylander Mártis dos Anjos, Daiely Gonçalves, Lucas Matoso e Will. A obra do escritor Adão Ventura empresta o título para esta exposição, onde as temáticas e técnicas que permeiam as produções apresentadas, assim como a prosa poética de Adão Ventura, aborda questões étnico-raciais, a multidirecionalidade, a identidade e a resistência a partir de linguagens que combinam lirismo com as questões sociais. A exposição, que pode ser visitada até o dia 27 de julho, entrelaça as obras dos artistas mineiros com curadoria de Fabíola Rodrigues e Marcel Diogo.

O Memorial Vale, um dos espaços culturais do Instituto Cultural Vale, fica na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte, e tem entrada gratuita. Saiba mais em https://memorialvale.com.br/pt/ .

O título da mostra faz referência ao poeta mineiro Adão Ventura (1946-2004) que traz trabalhos que se aproximam do legado do poeta que se destaca pela produção de uma obra comprometida em escancarar uma desordem existencial e social experienciada por um sujeito que se coloca, desde sempre, na condição de outro. “Como um encontro de variados percursos, a multidimensionalidade, as experimentações, os interesses e as manifestações articuladas por cada artista se conectam nesse espaço-tempo expositivo. Em torno da simbologia do encontro, cada artista apresenta relações distintas ao mesmo tempo em que estabelece ligações entre si e outras existências, e com o poeta Adão Ventura“, explica a curadora, Fabíola Rodrigues.

Ana Raylander Mártis dos Anjos apresenta a série Painéis, que, referentes aos quadros de avisos, estabelecem diálogos entre a história coletiva e a sua própria trajetória. Em “Marrons”, articula experiências em comunidade em uma busca silenciosa por identidade e pertencimento. Já Daiely Gonçalves demonstra a complexidade das relações e a profundidade dos sentimentos, por meio das intimidades plantadas pelo afeto a partir da estética do quintal. Seus trabalhos convidam o público a adentrar e a interagir com representações de memórias cotidianas, gerando encontros que nos soam familiares.

Nesse diálogo, Lucas Matoso, em sua pintura, lida com repetições e sínteses. A multiplicidade de interpretações possíveis, em sua pesquisa, reflete dialéticas nas quais cada palavra pode ser um encontro de ideias, desafiando as convenções, anteriormente, postas. Will, por fim, busca destacar a realidade por meio de sua pintura objetiva. A precisão das obras é semelhante à precisão da palavra na poesia, especialmente ao empregar cores, sombras e geometrias, na complexidade da presença negra e da resistência cultural, a partir de uma perspectiva singular do mundo.

Conheça os artistas

Will vive e trabalha em Belo Horizonte e é graduando em artes visuais pela faculdade Famart. Artista autodidata, Will vem criando um universo bastante particular em suas pinturas. Suas imagens urbanas carregam mensagens políticas, onde nada é tão óbvio quanto parece ser, mas, ainda assim, é possível decifrar as quase verdades nas quais as pessoas tentam se apoiar: a aglomeração das cidades que desumanizam e engessam emoções, os sonhos tênues que convivem no mesmo plano que a realidade, o afeto teatral das relações que tentam sobreviver em meio à geometria daquilo que quer delimitar para desunir. Will realiza uma pesquisa de longo prazo em Quilombos e sua cultura e vivência; reinado, e seu sincretismo religioso; e terreiros de Umbanda. Seu conjunto de obras passa por figurações de pessoas racializadas, pinturas geométricas afro-futuristas, figuração de lugares periféricos com doses de surrealismo, figurações de cultos e entidades de religião de matrizes africana, cultos umbandistas e simbolos adinkras. Seus trabalhos já foram expostos em diversas no FIQ BH, Sesiminas, Mama Cadela e Piolho Nababo (2015 – BH); Casa Camelo Galeria de Arte, Sesc Palladium, Quartoamado, Viaduto das Artes (2016 – BH); Olhar e Sentir, Viaduto das Artes (2017 – BH); Preto no Branco – Muquifo: Museu dos Quilombos e Favelas Urbanas, Quer que Desenhe? – Mama Cadela, Chama, Desetiqueta – Palácio das Artes (2019 – BH), Residência Arrudas Pesquisa em Artes (2021 – BH) Viaduto das artes, (BH), Ode ao Natal – Casa J Galeria de arte (BH 2021), entre outras.

Ana Raylander Mártis dos Anjos vive e trabalha entre Belo Horizonte e São Paulo. Em sua prática procura estabelecer um diálogo entre a história coletiva e a sua própria história. Com formação em palhaçaria, bacharelado em Artes Visuais pela UFMG (Brasil) e intercâmbio em Arte e Multimédia pela ESG (Portugal), entende sua atuação como um fazer interdisciplinar. Vem recorrendo com frequência aos saberes da educação, escrita, performance e brincadeira para projetos de longa duração. Foi contemplada com bolsa de pesquisa e residências pela coleção moraes-barbosa (2024); Bolsa Pampulha – Museu de Arte da Pampulha (2024); e Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (2021). Recebeu o Prêmio de Novos Artistas do Memorial Minas Gerais Vale (2024) e o Prêmio EDP nas Artes de Residência, do Instituto Tomie Ohtake (2018). Realizou projetos como Painéis, na Galeria Cavalo (2024); Willian, na Temporada de Projetos do Paço das Artes (2023); Coral de Choros, no Programa de Exposições do CCSP (2018); e Duas toalhas de banho, na Área Panorâmica de Tui (2017). Tem textos publicados pelo MASP, Editora Fósforo, Jornal Nossa Voz, Centro Cultural São Paulo, Projeto Afro, MAM Rio e Museu Paranaense.


Daiely Gonçalves é artista visual e pesquisa sobre corporeidade e território, desenvolvendo imagens sobre construção do imaginário do corpo negro. Seus trabalhos percorrem por meio do desenho, gravura e pintura e instalação, tece narrativas sobre o cotidiano em uma perspectiva intimista, trazendo para o macro as micros narrativas dos corpos, e suas experiências, subjetividades dentro da leitura do corpo e o território que esses pertencem. É coordenadora pedagógica do coletivo Aguapé, e co-criadora do coletivo Negrafrica. 

Lucas Matoso, de Belo Horizonte, estabelece uma prática de trabalho que tem como princípios orientadores as noções de cartografia e repetição. Sua produção se alimenta das contaminações próprias à experiência de vida numa cidade em constante transformação. Compreendendo a pintura como forma de se desorganizar e reimaginar o entorno, sua obra lida com as ambiguidades constituídas pela relação dialética entre sujeito e objeto, a partir de procedimentos como síntese, repetição e justaposição, se detendo na poética da subjetividade, dos espaços, dos percursos e das relações.

 

Serviço: Memorial Minas Gerais Vale

Endereço: Praça da Liberdade, nº 640, esquina com Rua Gonçalves Dias, Savassi.

Horário de funcionamento: Quarta, sexta e sábado: das 10h às 17h30, com permanência até as 18h. Quinta, das 10h às 21h30, com permanência até as 22h. Domingo, das 10h às 15h30, com permanência até as 16h. Entrada Gratuita

Memorial Minas Gerais Vale

O Memorial Minas Gerais Vale, um dos espaços culturais do Instituto Cultural Vale, já recebeu mais de 1,4 milhão de pessoas, de todos os lugares do Brasil e de outros continentes. São mais de 1.600 eventos realizados e cerca de 200 mil pessoas em visitas mediadas. Integra o Circuito Liberdade, em Belo Horizonte, um dos maiores complexos de cultura do Brasil. Caracterizado como um museu de experiência, com exposições que utilizam arte e tecnologia de forma intensa e criativa, é um dos vencedores do Travellers’ Choice Awards do TripAdvisor. Na curadoria e museografia de Gringo Cardia, cenários reais e virtuais se misturam para criar experiências e sensações que levam os visitantes do século XVIII ao século XXI. Mais que um espaço dedicado às tradições, origens e construções da cultura mineira, o Memorial é um lugar de trânsito e cruzamento entre a potência da história e as pulsações contemporâneas da arte e da cultura, onde o presente e o passado estão em contato direto, em permanente renovação. É vivo, dinâmico, transformador e criador de confluências com artistas independentes e com diversos segmentos da cultura mineira.

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