Diante do emblemático dizer: para nos lembrar de nunca esquecer, jornalista se apoia na literatura para trazer a versão de uma região ignorada pelos holofotes
Nascido e criado na Amazônia, o escritor e jornalista Paulo Roberto Ferreira desbrava um universo ficcional em uma das terras mais férteis do planeta. A Figa Verde e a Misteriosa Mulher De Branco (Editora Paka-Tatu), o sexto livro do autor, é uma rara peça que desnuda as problemáticas dos “anos de chumbo” em uma parcela da população costumeiramente esquecida.
O cenário amazônico deu o tom para que Paulo conseguisse trazer à luz os horrores que assolou os povos nativos do lugar durante a Ditadura Militar. Ao abrir as páginas, o leitor será impactado com diversas formas de autoritarismo, violência física e moral contra crianças e adultos, provocadas por autoridades institucionais.
A obra conta com 72 capítulos curtos, ambientados entre as décadas 1964 a 1985, e no rescaldo da Guerrilha do Araguaia. A ficção foi debruçada em uma extensa investigação sobre o momento histórico revelado por meio da saga do protagonista Djanilo que, ainda menino, foi entregue a um médico ligado à guerrilha, transformando-o em um deles.
Ele conhecia cada casa e cada família da rua em que morava, mas sentia-se um estranho, um forasteiro, alguém diferente daquele meio, por causa das mudanças na adolescência, mas principalmente pela rejeição que sentia depois que foi capturado e levado para o quartel. Sua infância foi assaltada e vivia uma adolescência marcada pelo medo. Sentia-se como um náufrago numa prancha, no meio do oceano, cercado por tubarões. (Figa Verde e a Misteriosa Mulher De Branco, p. 34)
Diante de diversos personagens, as histórias se cruzam mostrando muitos lados de uma mesma face, de um mesmo momento de terror e agonia. Entre embrenhamentos pelas matas, estratégias indígenas utilizadas para sobreviver, e as indomáveis dinâmicas amazônicas, a narrativa é uma memória em potência.
As formas de resistência também são reveladas por meio da música, do teatro, do cinema e dos poemas, que exaltam escritores necessários da região.
Neste livro, Paulo Roberto Ferreira, beirando as margens transamazônicas fiscalizadas pelos militares, narra uma emocionante história de um reencontro mágico, em que a figa é a referência e a mulher de branco a salvação.
Ficha Técnica:
Título do livro: A figa verde e a misteriosa mulher de branco
Editora: Paka-Tatu
ISBN/ASIN: 978-85-7803-615-7
Páginas: 176
Preço: R$ 60,00
Onde comprar: Paka-Tatu