Mentir no currículo: riscos e consequências de uma prática perigosa

A falsificação de informações em currículos é mais comum do que se imagina. Muitos candidatos, na esperança de se destacar em processos seletivos, exageram qualificações ou inventam experiências. Apesar de parecer uma solução rápida, essa prática pode trazer sérias consequências, desde a eliminação em uma seleção até a demissão por justa causa após a contratação.

Um dos campos mais vulneráveis a mentiras é a formação acadêmica. Alguns candidatos afirmam ter concluído cursos superiores quando, na verdade, abandonaram a graduação no último ano. Outros incluem pós-graduações, MBAs ou até mesmo nomes de instituições renomadas sem qualquer vínculo real. Essas fraudes são frequentemente descobertas por meio de consultas ao e-MEC, contato direto com universidades ou análise de diplomas inconsistentes.

Além da formação, habilidades técnicas e fluência em idiomas também são alvos de exageros. Declarar domínio avançado de ferramentas como Excel ou conhecimento fluente em inglês, sem de fato possuí-los, pode ser desmascarado em testes práticos ou situações reais de trabalho. Empresas costumam aplicar avaliações técnicas e dinâmicas em grupo para verificar essas competências. E ser pego em uma mentira, será péssimo para a sua carreira e podem manchar a reputação profissional.

A experiência profissional é outro ponto crítico. Inflar cargos, inventar empregos ou aumentar o tempo de permanência em uma empresa são estratégias arriscadas. Muitas organizações entram em contato com empregadores anteriores para confirmar dados como período de trabalho, funções exercidas e motivos de saída.

Redes sociais como LinkedIn e plataformas acadêmicas como Lattes são frequentemente consultadas para validar a trajetória profissional. Inconsistências entre o currículo e esses perfis podem levantar suspeitas. Além disso, algumas empresas investigam antecedentes criminais e financeiros em cargos que exigem confiança.

As consequências de mentir no currículo podem ser graves. Durante o processo seletivo, a descoberta de informações falsas leva à eliminação imediata. Se a fraude for identificada após a contratação, o funcionário pode ser demitido por justa causa, com base na CLT, por falsidade ideológica. Em casos extremos, como diplomas falsos em profissões regulamentadas, há até risco de ação judicial.

Ser honesto sobre o nível de conhecimento, usando termos como “intermediário” ou “em aperfeiçoamento”, demonstra transparência e disposição para crescer. No cenário competitivo atual, é tentador recorrer a atalhos. No entanto, a construção de uma carreira sólida depende de credibilidade e competências reais. Mentiras podem abrir portas inicialmente, mas a verdade sempre vem à tona e o preço a pagar pode ser alto demais. A busca por desenvolvimento contínuo, aliada à honestidade, ainda é o caminho mais seguro para o sucesso profissional. Em um mercado cada vez mais conectado e transparente, a reputação é um ativo que vale mais do que qualquer vantagem momentânea.

Além dos riscos profissionais, mentir no currículo pode trazer consequências psicológicas significativas. O constante medo de ser descoberto gera ansiedade e estresse, prejudicando o desempenho no trabalho e a qualidade de vida.

Em longo prazo, a construção de uma carreira baseada em verdades traz benefícios que vão além das conquistas profissionais. Desenvolver habilidades reais, enfrentar desafios com transparência e cultivar relacionamentos honestos no ambiente de trabalho são fundamentais para uma trajetória sustentável e satisfatória. A integridade, afinal, é um valor que nenhuma mentira no currículo pode substituir; não é mesmo?

 

 

David Braga – CEO, board advisor e headhunter da Prime Talent, empresa de busca e seleção de executivos, presente em 30 países e 50 escritórios pela Agilium Group. É presidente da ABRH-MG, conselheiro de Administração e professor pela Fundação Dom Cabral, Presidente do Conselho de Administração do ChildFund Brasil e VP do Conselho de RH da ACMinas. Instagrams: @davidbraga | @prime.talent

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