Especialistas da Hapvida alertam para sintomas físicos que podem mascarar questões emocionais
Setembro é o mês dedicado à valorização da vida e à conscientização sobre a saúde mental com a campanha Setembro Amarelo. Mas, para muitos, o caminho até o reconhecimento de um problema emocional começa com uma jornada pelos consultórios médicos, em busca de respostas para sintomas físicos.
Cansaço persistente, queda de cabelo, alterações no apetite, insônia e até palpitações são queixas frequentes em consultórios de endocrinologia. Por se assemelharem a sinais de distúrbios hormonais ou deficiências nutricionais, esses sintomas levam os pacientes a buscar explicações clínicas. No entanto, em muitos casos, a origem é outra: transtornos emocionais, como ansiedade e depressão.
A endocrinologista Renata Cerqueira, da Hapvida, explica que essa confusão é comum. “Muitos pacientes chegam ao consultório acreditando que têm problemas hormonais ou falta de vitaminas. Mas, após uma investigação detalhada, percebemos que os sintomas estão relacionados a fatores emocionais. Isso acontece porque os sinais podem se sobrepor”, afirma.
Entre as queixas mais comuns estão fadiga, dificuldade de concentração, alterações de apetite e dores difusas. Esses sintomas, que também aparecem em condições como hipotireoidismo, diabetes ou deficiência de vitamina D, exigem uma análise cuidadosa para evitar diagnósticos equivocados.
“Um único sintoma, isoladamente, não conta toda a história. Por exemplo, a fadiga pode ser consequência de uma deficiência vitamínica, mas também pode estar ligada à ansiedade. Por isso, avaliamos o histórico do paciente, pedimos exames e analisamos o contexto de vida dele”, explica Renata.
Esse olhar atento não só evita diagnósticos errados, como também garante o encaminhamento adequado. Segundo a especialista, exames simples de sangue ajudam a descartar causas orgânicas antes de considerar que os sintomas têm origem emocional.
O psicólogo Fabrício Vieira, também da Hapvida, reforça que o corpo funciona como um tradutor das emoções quando a pessoa não consegue expressar o que sente. “Nem sempre a pessoa diz ‘estou ansioso’ ou ‘estou em sofrimento’, mas o corpo fala por ela. É aquela dor constante no estômago, a falta de energia, o sono que não vem, o coração acelerado sem motivo”.
Segundo Fabrício, quando esses sinais se tornam frequentes e afetam o bem-estar e a rotina, buscar ajuda profissional é fundamental. “A saúde emocional ainda é tabu para muita gente, mas precisamos lembrar que cuidar da mente é também cuidar do corpo. Quanto antes esse cuidado começa, maiores são as chances de evitar agravamentos, como transtornos de ansiedade, depressão ou esgotamento físico e mental”, alerta o psicólogo.
Quebrando barreiras: o estigma da saúde mental
Apesar dos avanços na conscientização, ainda há resistência em reconhecer a ligação entre sintomas físicos e saúde mental. “Muitas pessoas ainda enxergam a depressão e a ansiedade como sinais de fraqueza. Essa visão precisa mudar. São doenças reais, que afetam o corpo e a mente, e que precisam de tratamento adequado”, reforça Fabrício.
Os especialistas destacam que procurar apoio psicológico ou psiquiátrico não é sinal de fraqueza, mas de coragem e responsabilidade. “A escuta profissional, aliada ao acompanhamento clínico, pode transformar a vida de quem sofre em silêncio”, ressalta o psicólogo.
A abordagem multiprofissional é essencial para o cuidado integral. “O endocrinologista pode perceber que não há alterações hormonais, mas identificar sinais emocionais. Nesses casos, o encaminhamento para um psicólogo ou psiquiatra é fundamental para garantir mais qualidade de vida ao paciente. Cuidar da saúde mental é tão importante quanto cuidar do corpo. E o Setembro Amarelo é um convite para todos refletirem sobre isso”, conclui Renata.