Trabalhar sentado por muitas horas pode favorecer o aparecimento de varizes e outras complicações vasculares
O aumento do home office após a pandemia de covid-19 impactou diversos hábitos de vida, incluindo a rotina de movimento corporal. Trabalhar sentado por períodos prolongados tem sido apontado como fator de risco para problemas circulatórios, especialmente nas pernas.
A posição sentada contínua pode dificultar o retorno venoso, favorecendo o acúmulo de sangue nas extremidades e o surgimento de varizes, inchaço e dores. Segundo a Organização Mundial da Saúde, mais de 80% da população mundial não atinge o nível mínimo de atividade física recomendado para manter uma boa saúde vascular.
Segundo a cirurgião vascular, Camila Caetano, o hábito de passar horas sentado sem interrupções compromete o retorno venoso. “Pequenas pausas para movimentar as pernas já fazem diferença na prevenção de doenças vasculares”, ressalta.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV), o tempo prolongado em posição sentada ou em pé está entre os fatores que mais contribuem para a insuficiência venosa crônica. Trabalhadores que fazem home office devem adotar pausas ativas durante a jornada, manter-se hidratados e observar sinais como dor, sensação de peso ou veias dilatadas nas pernas. Procurar avaliação médica em caso de sintomas persistentes é recomendado.
“A cada hora sentada, recomenda-se levantar por ao menos cinco minutos, além de realizar alongamentos e pequenas caminhadas no ambiente doméstico. O uso de apoio para os pés ou cadeira ergonômica também pode auxiliar na melhora do retorno venoso”, explica a médica.
Ela alerta, ainda, que a prática de exercícios físicos regulares, como caminhada, bicicleta ou natação, é apontada como fator protetor. Atividades que estimulam o movimento das panturrilhas, chamadas de “coração periférico”, favorecem o retorno do sangue ao coração.
Um estudo publicado na revista Angiology indica que a compressão prolongada das veias em postura sentada reduz significativamente o fluxo venoso, o que pode gerar complicações se mantido de forma crônica.
Além das varizes, a imobilidade também está associada a um risco aumentado de trombose venosa profunda, especialmente em pessoas com predisposição genética, uso de anticoncepcionais ou histórico de cirurgia recente.