Brasil contabilizou 40,85 milhões de vítimas de golpes digitais em 2024 e o uso de senhas padrão e repetidas são fator chave para ataques hackers
Apesar das recomendações de especialistas em tecnologia para o uso de senhas complexas e aleatórias, o comportamento de usar a mesma palavra-chave em diversos logins ou escolher as combinações mais fáceis continuam sendo as principais opções dos brasileiros, mesmo que isso comprometa sua segurança. Segundo levantamento do Centro de Prevenção, Tratamento e Resposta a Incidentes Cibernéticos de Governo (CTIR Gov), vinculado ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI), foram registrados, em 2024, 3.253 vazamentos de dados, mais que o dobro dos 1.615 casos contabilizados entre 2020 e 2023.
“Muitos dos incidentes com hackers acontecem porque funcionários, em geral, de empresas acabam utilizando uma mesma senha, simples, para todo tipo de login, seja redes sociais, contas bancárias, e também em plataformas do próprio trabalho”, explica Tonimar Dal Aba, gerente técnico da ManageEngine, divisão da Zoho Corporation que oferece soluções de gestão de segurança e operações de TI. “Com senhas fracas, ou sem autenticação de dois fatores, por exemplo, o acesso dos hackers é facilitado e a segurança, consequentemente, fica comprometida com o vazamento de dados e perdas financeiras.”
Segundo dados do DataSenado, os golpes digitais vitimaram 24% dos brasileiros maiores de 16 anos em 2024. O percentual corresponde a mais de 40,85 milhões de pessoas que perderam dinheiro em função de algum crime cibernético. “Os cibercriminosos possuem diversas táticas para conseguirem roubar senhas. Muitas pessoas utilizam datas de aniversário, nomes de pets ou nomes de familiares como senha, dados sensíveis facilmente encontrados em redes sociais, por exemplo”, explica Tonimar. “Outro tipo de ataque comum nos dias de hoje é o phishing, tipo de ataque no qual o golpista pressiona a vítima para fornecer informações por meio de ligações, mensagens de texto, mensagens em redes sociais e e-mail.”
Além das formas mais conhecidas de ataques, os golpistas também utilizam outras táticas, como o uso de programas automatizados que combinam palavras do dicionário de maneiras comuns e programas automatizados que recriam combinações de caracteres para senhas curtas. No caso de empresas, que cada vez mais sofrem com ataque hackers, o vazamento de dados e informações online feita por criminosos, em troca de dinheiro, pode comprometer senhas.
Redução de riscos
A tecnologia também é aliada para proteção pessoal e corporativa. Uma das principais ferramentas utilizadas para aumentar as camadas de segurança no caso de senhas é a biometria. “Com a biometria, o usuário consegue utilizar a impressão digital e o reconhecimento facial para fazer login em alguma conta”, detalha Tonimar.
Já a criptografia é uma aliada para proteção de senhas, tornando-a ilegível para os hackers por meio de codificação. Combinadas, as duas tecnologias criam barreiras para a ação dos cibercriminosos, ao mesmo tempo que não oferecem grandes complexidades ao usuário. Isso possibilita aumento de resistência ao phishing e ataques que utilizam programas para combinações de caracteres e palavras.
Outra medida eficaz para os usuários é adotar um gerenciador de senha, que já conta com opções gratuitas para download. A medida mantém a segurança, pois gera, armazena e preenche automaticamente senhas fortes, únicas e aleatórias, reduzindo o risco de reutilização de senhas.
Já as empresas podem adotar políticas de segurança, como a rotação periódica de senhas, aplicação de autenticação multifator (MFA), uso de soluções de gerenciamento de acesso privilegiado (PAM), que monitoram o uso de credenciais sensíveis.
Ao aumentar o nível de proteção, os criminosos encontram mais dificuldades para quebrar senhas e vazar dados, crime que pode causar ônus financeiro. “Os golpes estão ficando mais sofisticados e silenciosos. Investir em segurança digital é essencial para evitar problemas das mais variadas magnitudes”, finaliza.