Arquiteto e docente do Centro Universitário UniBH, Luiz Felipe César Martins de Brito explica esse conceito de projetos temporários, concebidos para existir por um período limitado.
Os grandes festivais de música têm-se destacado não só pelas atrações e suas performances, mas também pela arquitetura temporária que transforma o espaço e cria uma atmosfera única e imersiva. O Rock in Rio, um dos maiores festivais do mundo – que celebra nesse momento a sua edição de 40 anos – é um exemplo emblemático desta tendência.
Com boa parte da estrutura criada especificamente para a duração do evento, o espaço é pensado para ser desmontado logo após o fim do festival, evidenciando o conceito de arquitetura efêmera. Esta abordagem permite que o público tenha uma experiência única e inesquecível, de forma que o ambiente reflita, em aspectos visuais, o espírito do festival. Mas afinal, o que seria de fato esse conceito? Quem explica é o arquiteto e docente do Centro Universitário UniBH, Luiz Felipe César Martins de Brito:
“A arquitetura efêmera, como o nome diz, corresponde a elementos e ambientes montados para demandas de curta duração, ou seja, que servem para abrigar atividades e funções temporárias, principalmente no caso de festivais, exposições, feiras, instalações artísticas ou intervenções urbanas”, conta.
A criação destas estruturas temporárias exige um planeamento rigoroso e soluções inovadoras. No caso do Rock in Rio, por exemplo, grandes palcos são montados com materiais modernos e sustentáveis, respeitando as normas de segurança e conforto. Além disso, são desenhadas zonas de circulação e espaços de lazer, tudo para garantir que a fluidez do evento ocorra sem transtornos. Estas estruturas, apesar de temporárias, são robustas e visualmente impressionantes, integrando a funcionalidade com o design de ponta.
“Para atender à temporalidade destes projetos, é fundamental a utilização de estruturas leves, facilmente montáveis e desmontáveis. Costuma-se trabalhar, então, com estruturas modulares, com componentes pré-fabricados em formatos de vigas, pilares e painéis de diferentes materialidades, especialmente metálicas. Também é comum a utilização de estruturas tensionadas em tecidos leves e cabos de aço, conformando tendas e pavilhões, estruturas infláveis, em materiais plásticos, contêineres e materiais recicláveis, como bambu, papelão ou tubos de PVC, os quais diminuem os gastos com matéria-prima e montagem”, detalhou o professor.
Outro elemento crucial, que destaca a arquitetura efêmera em eventos desse tipo, são as ativações de marca. As grandes empresas aproveitam a oportunidade para criar verdadeiros lounges de experiência imersiva, onde os participantes podem se conectar com produtos e serviços de formas inusitadas e interativas. Estas ativações, mais do que simples promoções, transformam-se em pontos de interesse para os festivaleiros, muitas vezes utilizando realidade aumentada, realidade virtual e outros adventos inovadores.
“A ampla variedade de tecnologias envolvidas, incluindo sistemas de iluminação avançados, estruturas temporárias, tecnologias de entretenimento e até mesmo realidade virtual desempenham um papel importante na criação de experiências imersivas. Combinar arquitetura, design, criatividade, tecnologia, logística e uma sensibilidade única para transformar espaços em locais de sonhos e celebrações não é tarefa fácil, sendo necessário uma forte colaboração dos envolvidos”, enfatiza.
No final, o desmonte dessas estruturas marca o fim de uma experiência única. O caráter temporário da arquitetura efêmera é essencial para criar um ambiente dinâmico e flexível, ajustado às necessidades de cada festival. São projetos que vivem na memória de quem os experienciou, comprovando que o efêmero pode ser tão impactante quanto o permanente.
“No contexto contemporâneo, as questões de sustentabilidade e ciclo de vida dos produtos e das construções são discutidas com veemência. Ao mesmo tempo, as marcas buscam alcançar seus usuários e consumidores não só através, simplesmente, da promoção de seus produtos e serviços, mas também da construção de experiências e da ativação sensorial. Integrar estes dois pontos em grandes eventos, como o Rock in Rio, é um caminho adequado tanto para enriquecer o posicionamento de tais marcas, quanto para conectá-las com seus públicos, e a arquitetura efêmera tem um papel fundamental neste diálogo.”, conclui.
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