Soluções para contornar situações graves, intermitentes ou não, podem ser desenvolvidas com políticas de adaptação ao meio ambiente
A vasta expansão territorial do Brasil resulta em uma diversidade de biomas e fatores climáticos que apresentam um desafio para uma agenda eficaz na superação de catástrofes e problemas cotidianos. A necessidade de encontrar soluções para questões ambientais, como secas, enchentes, queimadas e assoreamento de rios, demanda a criação de políticas capazes de enfrentar essas adversidades. Esses projetos são conhecidos como iniciativas de resiliência climática.
Essas iniciativas não surgem por acaso. Somente em 2023, desastres naturais no Brasil afetaram mais de 1,2 milhão de pessoas, principalmente devido a inundações e secas, de acordo com a EM-DAT, um banco de dados internacional de desastres criado e mantido pela Universidade Católica de Louvain, em Bruxelas, Bélgica.
Uma das medidas que indicam um aumento nos investimentos em tais iniciativas é o Fundo Clima, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da União, que promete investir R$10,4 bilhões em financiamentos de projetos voltados para a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas. Em diversos municípios, isso pode representar um aporte significativo, especialmente em áreas mais vulneráveis a desastres, como bairros ribeirinhos, cidades costeiras, comunidades localizadas em encostas e regiões com histórico de queimadas.
A assistente de projetos do Instituto de Planejamento e Gestão de Cidades (IPGC), empresa especializada na elaboração e execução de projetos focados no desenvolvimento urbano, Juliana Rossi, explica que esse tipo de iniciativa está recebendo atenção maior das autoridades políticas apenas recentemente. “É um desafio que muitos gestores estão dispostos a enfrentar para superar, muitas vezes de forma definitiva, os fatores ambientais que afetam uma determinada comunidade”, afirma.
No entanto, os projetos de resiliência climática não são uma novidade em outras partes do mundo. “No Japão, por exemplo, há edifícios adaptados até mesmo a terremotos de grande escala. No Canadá, existem programas de infraestrutura urbana que implementam calçadas permeáveis e telhados verdes em resposta às chuvas intensas. Recentemente, vimos a importância dessa agenda no Brasil com a enchente do Lago Guaíba, na Grande Porto Alegre”, cita a assistente de projetos do IPGC.
Estudos e criatividade para resolver problemas
Juliana Rossi reconhece que vencer os problemas climáticos não é uma tarefa fácil, mas afirma que algumas medidas podem ser mais simples. “Uma localidade suscetível a secas, por exemplo, poderia adotar técnicas de manejo sustentável da água, como o uso de cisternas e práticas de agricultura adaptada. Também seria viável construir parques solares e de energia eólica, o que geraria mais oportunidades de renda para a população e forneceria energia limpa”, sugere.
O primeiro passo, aponta o executivo do IPGC, é “promover estudos sobre os impactos climáticos na região em questão, avaliar todas as possíveis soluções para minimizar esses impactos e estimular, com criatividade, a adesão da população à agenda governamental. Como os benefícios são percebidos no dia a dia das pessoas, a chance de sucesso dos projetos de resiliência climática tende a ser maior. São iniciativas que mobilizam”, conclui.