A discussão sobre residências seguras para idosos e o papel da arquitetura no bem-estar na terceira idade é fundamental para o futuro do Brasil. Com o aumento demográfico do número de idosos previsto para as próximas décadas, o país enfrentará desafios significativos na adaptação de suas infraestruturas para acomodar essa mudança.
O país está em meio a uma transição demográfica. A taxa de natalidade está em declínio e a população está envelhecendo. Estimativas indicam que, em 2050, um em cada três brasileiros será idoso. Essa inversão da pirâmide etária tornará o Brasil um país mais sênior, exigindo uma resposta firme em termos de planejamento urbano e arquitetura para garantir a qualidade de vida dessa população.
Nesse contexto, é vital que moradias, edifícios públicos e espaços urbanos sejam projetados com um enfoque especial nas necessidades dos idosos. Isso inclui considerar questões de mobilidade reduzida, problemas de audição e visão e a criação de ambientes que sejam confortáveis e agradáveis para encontros e socialização.
Na avaliação do coordenador-adjunto da Comissão Especial de Políticas Afirmativas (CPA), conselheiro federal Ricardo Soares Mascarello (SE), para dar segurança às habitações voltadas para idosos é preciso, antes de mais nada, criar uma consciência na sociedade e nos profissionais de arquitetura e urbanismo em relação ao crescimento do número de idosos e para a ambientação de espaços internos e externos de melhor conforto e segurança.
No âmbito dos espaços públicos coletivos, segundo Mascarello, é preciso fomentar a implantação de projetos urbanos visando a melhoria das calçadas, travessias de pedestres, diminuição de desníveis, implantação de rampas, inserção precisa das normas de acessibilidade (NBR-9050), detalhes orientativos para pessoas com deficiência visual e auditiva e a supremacia do Desenho Universal nos projetos de desenho urbano.
Já nas obras de edifícios públicos, a promoção da acessibilidade através do desenho universal e ambientações que promovam o bem-estar a exemplo da utilização de cores, texturas e a implantação de projetos paisagísticos que contemplem muita vegetação e detalhes com a utilização de águas configurando espaços agradáveis de bem-estar.
Para o conselheiro federal, os arquitetos já avançaram muito na consideração do bem-estar dos idosos e de pessoas com deficiência na elaboração de projetos mais adequados. “É importante, no entanto, destacar que precisamos avançar mais com essa visão, incorporando todos os requisitos que possibilitem segurança e conforto das edificações e espaços públicos”, disse.
“Nessa dinâmica projetual, além de incorporarmos detalhes arquitetônicos, revestimentos compatíveis e adequações de acessibilidade torna-se essencial primarmos por lugares mais verdes, iluminados e ventilados proporcionando ambiências com habitabilidade e conforto ambiental”, completou.
Casa Segura – Sugestões Práticas para Manter sua Casa Segura
Quedas dentro de casa representam um grande risco para a saúde dos idosos, resultando em complicações e altos custos sociais e econômicos. No Brasil, onde a população idosa é significativa, 75% dos atendimentos de lesões traumáticas em hospitais do SUS são decorrentes de acidentes domésticos evitáveis. Adotar medidas de prevenção, como as defendidas na cartilha Casa Segura – Sugestões Práticas para Manter sua Casa Segura, é essencial para garantir um ambiente doméstico seguro, beneficiando não apenas os idosos, mas pessoas de todas as idades.
“Envelhecer não é o fim da linha, mas o início de um novo futuro”, como defende campanha do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania sobre o ‘Junho Violeta – Respeito a todas as fases da vida’.
Colaboração do CAU/BR
Em 2024, o CAU/BR instituiu a Comissão Permanente de Políticas Afirmativas (CPA), com o objetivo de contribuir com questões étnicas, raciais, geracionais, de classe social, de gênero, sexualidade, deficiências e outras relativas à inclusão e valorização no exercício profissional da Arquitetura e Urbanismo.
A CPA-CAU/BR tem promovido encontros, discussões e participado de eventos nacionais para destacar a importância de projetos voltados para a terceira idade, enfatizando a criação de ambientes mais confortáveis e seguros para os idosos.
O CAU/BR está comprometido com um processo contínuo de disseminação de ações e articulações junto ao governo federal e outras instituições, visando fomentar projetos e ambientes de qualidade que proporcionem conforto para a terceira idade.
*Por Laura Fialho, estagiária sob supervisão de Ícaro Ambrósio.