Espetáculo cumpre temporada no Teatro II do CCBB BH até 19 de agosto
Realizar um musical exclusivamente brasileiro, que mergulha em uma obra literária escrita há cem anos, recheada de humor, sátira e críticas sociais faz parte do desafio e da delícia da criação de “Os Bruzundangas”. Dirigida por Dani Ornellas e Renato Carrera, a peça cumpre temporada no Teatro II do Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte (CCBB BH), até 19 de agosto, de sexta a segunda, às 20 horas. Os ingressos, vendidos a R$30 (inteira) e R$15 (meia), podem ser adquiridos pelo site ccbb.com.br/bh e na bilheteria do CCBB BH. Todas as sessões contam com tradução em Libras e audiodescrição.
A montagem inédita se destaca pela representatividade de seu elenco, com 70% da equipe composta por pessoas negras. A diretora Dani Ornellas, uma mulher preta periférica, enfatiza a relevância de incluir vozes que refletem a diversidade do nosso país. “Nunca acreditei em uma arte que excluísse. Se o Brasil tem 54% da população preta, além da população indígena, por que nossos textos e autores não estão sendo montados?”, questiona Dani.
O espetáculo sublinha a importância de trazer atores e diretores negros para o centro da criação teatral. Para além da representação cultural, a escolha de uma equipe majoritariamente negra sublinha um compromisso da trupe com a pluralidade e inclusão.
A obra cênica, que conta no elenco com dois atores negros retintos, um afro-indígena e um branco, tem causado identificação total com a plateia por onde passa. “Lima Barreto escreveu isso perfeitamente. Somos o grito do autor e demos voz aos seus personagens. Essa combinação de inclusão social e herança cultural enriquece a comédia, trazendo uma perspectiva autêntica e envolvente para o público”, ressalta Dani.
A atriz e diretora, cuja mãe era mineira, sente uma conexão profunda com o local onde a peça é apresentada. “Tenho um afeto grandioso por este lugar. Para mim, é transcendental. Minha mãe ficaria orgulhosa, me sinto mais perto dela aqui em Minas”.
Outro ponto de ligação de “Os Bruzundangas” com a capital mineira é que outro membro da equipe, o cenógrafo Daniel de Jesus é nascido e criado em BH e este é seu primeiro cenário apresentado na cidade.
Para Dani, a encenação tem tudo para cativar o público. “Conseguimos misturar toda essa salada cultural deste musical, com a poesia de Lima Barreto e a música de Chiquinha Gonzaga, que era uma mulher preta. Por isso, acredito que os belorizontinos vão se conectar muito com os ritmos e a nossa performance alegre”.
Teatro de Revista
Inspirado no teatro de revista, o espetáculo “Os Bruzundangas” satiriza a sociedade, propondo ao público uma experiência que transcende o riso, estimulando a reflexão crítica e a participação ativa. A brasilidade é a marca registrada da montagem. “Quando você entra, se reconhece com o cenário, com as cores do figurino, com os gêneros musicais que atravessam esses 100 anos, desde Chiquinha Gonzaga até o funk, e com a maneira como nos expressamos”, garante Dani Ornellas.
A comédia satírica musical pretende trazer para o público uma vivência teatral inovadora, conforme evidencia a diretora e atriz. “As pessoas estão acostumadas a ver nos palcos clássicos estrangeiros, mas temos aqui um clássico brasileiro. Uma oportunidade de conhecer e se sentir representado por um autor brasileiro, de pele escura, que é conhecido mundialmente”.
Bruzun Company
Dani Ornellas ressalta que a missão da Bruzun Company é construir pontes, encurtar distâncias e transformar livros em peças teatrais, alimentando a beleza da língua e da cultura brasileira. “Este aspecto é profundamente simbólico, considerando que Lima Barreto, um autor negro cuja obra é mundialmente conhecida, é pouco valorizado no Brasil. Essa adaptação visa não apenas celebrar a literatura brasileira, mas também inspirar jovens a se conectarem com autores nacionais”.
Dani e Renato Carrera, que dividem a direção, trouxeram suas próprias vivências para o palco, integrando uma equipe diversa que reflete a pluralidade da sociedade brasileira. “Acreditamos que, ao levar nossas experiências e identidade para o teatro, conseguimos falar e mostrar aquilo em que acreditamos de maneira autêntica e poderosa”, salienta a diretora.
O cenário e os figurinos, com suas cores e simbolismos, foram pensados para provocar uma conexão instantânea com o público. “Em um ano eleitoral, o espetáculo também dialoga com a atualidade, resgatando o papel fundamental da arte para a reflexão sobre a política e a sociedade. “Os Bruzundangas” não é apenas um tributo à obra de Lima Barreto, mas uma celebração da cultura brasileira e uma afirmação do papel vital da diversidade na arte”, frisa Hugo Germano.
O livro “Os Bruzundangas”
O livro “Os Bruzundangas” é um diário de viagem de um brasileiro que morou uns tempos na Bruzundanga, uma jovem República que lutava num ambiente de colapso do modelo escravocrata, deposto em 1889, embora ainda persistisse o predomínio dos grupos ligados à grande lavoura. Um país onde proliferavam elites incultas que dominavam o povo, racismo, pobreza, obsessão por títulos doutorais e literatura cheia de enfeites linguísticos.
No capítulo “Um Mandachuva”, ele traça os contornos de um político anônimo, cujo perfil mantém a sua atualidade, decorrido quase um século desde o esboço. O político vem de uma cidadezinha no interior do país, tendo tido sua formação restrita às suas atividades domésticas e profissionais, sem qualquer gosto por pensamentos mais altos, como a arte e a cultura, mediocridade, desinteresse, provincianismo e descaso pelas audiências públicas. Alfredo Bosi afirma que a obra não é sobre um lugar fictício, mas sobre o Brasil do começo do século.
FICHA TÉCNICA:
Direção: Renato Carrera e Dani Ornellas
Direção Musical: Maíra Freitas
Direção de Produção: Bruno Mariozz
Elenco: Dani Ornellas, Hugo Germano, Jean Marcell Gatti e Renato Carrera
Cenografia: Daniel de Jesus
Figurino: Tereza Nabuco
Visagismo: Joana Seibel
Iluminação: Daniela Sanchez
Trilha Sonora Original: Maíra Freitas
Coreografia: Dudu Gomes
Assistente de Direção: Pedro Uchoa
Preparação Vocal: Carol Futuro
Assessoria de Imprensa: Luciana d’Anunciação
Programação Visual: Daniel de Jesus
Comunicação e Marketing: Rafael Prevot
Produção Executiva: Walerie Gondim
Assistente de Produção: Angélica Lessa
Fotografia: Roberto Carneiro
Produção: Palavra Z Produções Culturais
Idealização: Renato Carrera
Circuito Liberdade
O CCBB BH é integrante do Circuito Liberdade, complexo cultural sob gestão da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult), que reúne diversos espaços com as mais variadas formas de manifestação de arte e cultura em transversalidade com o turismo. Trabalhando em rede, as atividades dos equipamentos parceiros ao Circuito buscam desenvolvimento humano, cultural, turístico, social e econômico, com foco na economia criativa como mecanismo de geração de emprego e renda, além da democratização e ampliação do acesso da população às atividades propostas.
SERVIÇO
Espetáculo Os Bruzundangas
Local: Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte – Teatro II
Endereço: Praça da Liberdade, 450 – Funcionários, Belo Horizonte
Temporada: 26 de julho a 19 de agosto, de sexta a segunda, às 20h
Ingresso: R$ 30 (inteira), e R$15 (meia para estudantes, professores, profissionais da saúde, pessoa com deficiência [e acompanhante, quando indispensável para locomoção], adultos maiores de 60 anos e clientes Banco do Brasil com cartão Ourocard), à venda no site ccbb.com.br/bh e na bilheteria física do CCBB BH.
Duração: 90 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
Informações: (31) 3431-9400 | E-mail: ccbbbh@bb.com.br
Site: ccbb.com.br/bh
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