Ortopedista alerta: hábito de usar celular pode gerar uma carga de 27 kg no pescoço

Especialista da Hapvida explica que a inclinação constante da cabeça ao olhar o telefone pode desencadear a Síndrome do Pescoço de Texto

O uso constante de celulares, com a cabeça inclinada para a frente, é um dos principais vilões silenciosos da saúde da coluna. Essa postura não apenas impõe uma carga extra de até 27 quilos sobre a coluna cervical, como também eleva o risco de dor no pescoço em 82%, aponta uma pesquisa do National Institutes of Health (NIH), dos Estados Unidos.

O estudo, que analisou dados de mais de 43 mil pessoas em 13 países, revelou que o uso prolongado de smartphones foi o fator de maior risco para o desenvolvimento de dor cervical. A pesquisa também destacou que o sedentarismo extremo — ficar sentado por mais de seis horas diárias — aumenta esse risco em 88%, enquanto o uso de computadores eleva a chance em 23%.

Reconhecida por especialistas como um problema postural crescente, a chamada “Síndrome do Pescoço de Texto” ocorre quando o usuário mantém a cabeça projetada para baixo por longos períodos. Thiago Brustolini, ortopedista da Hapvida, explica o fenômeno. “A inclinação aumenta drasticamente a carga sobre a coluna cervical. Quando a cabeça está muito inclinada para frente, é como se o pescoço tivesse que sustentar até 27 quilos”.

A estrutura do pescoço foi projetada para sustentar a cabeça em posição neutra, e não inclinada constantemente. Quando essa posição se repete ao longo do dia, os músculos e vértebras são sobrecarregados, podendo surgir dores musculares, inflamações, cansaço e até desgaste nas articulações cervicais.

Escutar o seu próprio corpo é importante

Os sinais de alerta mais comuns incluem dor ou rigidez no pescoço, desconforto nos ombros, sensação de peso na nuca, dores de cabeça e, em alguns casos, formigamento nos braços. “Se a pessoa sente isso com frequência e passa muitas horas nas telas, pode ser sinal de que o uso dos dispositivos está prejudicando a saúde cervical”, alerta o ortopedista.

Com o tempo, segundo Thiago, essa má postura pode interferir em tarefas simples do cotidiano, como dormir bem, dirigir ou realizar atividades domésticas. Em muitos casos, uma conversa atenta com o paciente e a observação da postura já são suficientes para estabelecer a relação direta entre o uso de telas e as dores.

Prevenção e tratamento da síndrome

Mas é possível prevenir, e até reverter, o quadro com medidas simples. Entre as recomendações do ortopedista estão manter o celular na altura dos olhos para evitar abaixar a cabeça, fazer pausas a cada 30 ou 40 minutos, alongar o pescoço e os ombros ao longo do dia, sentar-se corretamente com os pés no chão e as costas apoiadas, e evitar o uso do celular deitado na cama.

Para quem já apresenta dor, buscar ajuda profissional é o primeiro passo. “A fisioterapia ajuda muito. Existem exercícios específicos que fortalecem os músculos do pescoço, melhoram a postura e aliviam a dor. Além disso, o uso de suportes para celular e computador pode evitar que a pessoa permaneça sempre olhando para baixo”, recomenda Thiago.

Adolescentes e profissionais de home office estão entre os mais afetados

Alguns grupos estão mais vulneráveis à Síndrome do Pescoço de Texto. Adolescentes, por exemplo, tendem a passar muitas horas no celular e nem sempre percebem a má postura. Já no caso de quem trabalha em regime de home office, a falta de ergonomia, como o uso de sofás, camas ou mesas improvisadas, contribui significativamente para o aumento das queixas.

“O ideal é criar uma rotina com pausas, atenção à postura e fortalecimento muscular. A tecnologia faz parte do nosso dia a dia, mas é preciso usá-la sem sacrificar a saúde”, conclui o ortopedista.

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