João Lúcio é professor de Literatura e Linguagens com mestrado sobre a obra de Caio Fernando Abreu, em que estuda a relação entre os contos do autor e os conceitos de Biopolítica.
O bate-papo começa às 20h30, após a peça Os Sobreviventes – baseada no conto homônimo de Caio Fernando Abreu, que tem direção de Ana Regis (“Peixes”) e dramaturgia de Thomaz Canizza (“Fred & Laura”)
No dia 12 de abril, sábado, após a apresentação do espetáculo “Os Sobreviventes“, no CCBB BH, tem bate-papo gratuito, intitulado “Uma conversa sobre Caio F.”, a partir das 20h30, sob a condução do pesquisador e especialista em Caio Fernando Abreu, João Lúcio Xavier. Para participar do bate-papo não é necessário assistir à peça antes, nem retirar ingresso na bilheteria do espaço.
João Lúcio Xavier é professor de Literatura e Linguagens na rede particular de Belo Horizonte. Graduado em Licenciatura em Letras pela UFMG, tem mestrado na mesma instituição, onde defendeu dissertação sobre a obra de Caio Fernando Abreu, estudando a relação entre os contos do autor e os conceitos de Biopolítica. Também tem um podcast de literatura, juntamente com Luana Werb, o “Livros e Listas”, em que conversam sobre literatura de uma forma leve e descontraída. Para participar do bate-papo não é necessário assistir ao espetáculo ante
Para quem não viu ainda a peça Os Sobreviventes, segue em cartaz até 21/04, de sexta a segunda, sempre às 19h, no Teatro II do CCBB BH. Classificação indicativa: 14 anos. Duração: 80 min. Os ingressos custam R$30,00 (inteira) e R$15,00 (meia-entrada), com desconto de 50% para clientes Ourocard, e estarão à venda a partir do dia 19/03, quarta-feira, na bilheteria física do CCBB BH e pelo site ccbb.com.br/bh.Ao longo da temporada, o grupo oferece ainda bate-papos gratuitos abertos ao público, logo após a apresentação com especialistas na obra de Caio Fernando Abreu. Outra novidade associada à temporada é a exibição, no Youtube da plataforma Ato Junto, da obra digital criada na pandemia “Tudo que eu queria te dizer mas não vou (ou Prólogo)” – também baseada no conto “Os Sobreviventes” de Abreu. Mais informações pelo site ccbb.com.br/bh e nas redes sociais: instagram.com/ccbbbh | facebook.com/ccbbbh. Este projeto tem apoio do Centro Cultural Branco do Brasil e é realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte.
Sobre Espetáculo “Os Sobreviventes”
Baseada no conto homônimo do jornalista, escritor e dramaturgo gaúcho Caio Fernando Abreu (prêmio Jabuti) – reconhecido por uma literatura que representa a temática LGBT -, a peça traz para a cena a relação de intimidade entre duas figuras decadentes, no final dos anos 80. Na trama, “Ele” (Thomaz Cannizza) e “Ela” (Luciana Veloso) já foram um casal no passado mas, por algum motivo que será revelado adiante, seguem juntos em uma relação atípica, até que um deles decide se despedir. Agora, ambos terão uma semana decisiva como uma última chance para encararem as escolhas do passado e se libertarem. A direção é da atriz Ana Regis (Melhor Atriz Prêmio Sinparc, pelo espetáculo “Peixes”) e a dramaturgia e assistência de direção são de Thomaz Cannizza (Melhor Ator Prêmio Sinparc, pelo espetáculo “Fred & Laura”). A peça segue em cartaz até 21/04, de sexta a segunda, sempre às 19h, no Teatro II do CCBB BH.
Dentre as medidas de acessibilidade, no sábado, dia 05/04, a sessão conta com audiodescrição para até 30 pessoas com rádios transmissores, e, aos domingos, nos dias 31/03, 06/04 e 13/04, as sessões contarão com intérprete de Libras. Os ingressos custam R$30,00 (inteira) e R$15,00 (meia-entrada), com desconto de 50% para clientes Ourocard, e estarão à venda a partir do dia 19/03, quarta-feira, na bilheteria física do CCBB BH e pelo site ccbb.com.br/bh. Mais informações sobre a temporada e os bate-papos após o espetáculo pelo site ccbb.com.br/bh e nas redes sociais: instagram.com/ccbbbh | facebook.com/ccbbbh.
Outra programação associada à temporada é a exibição da obra digital “Tudo que eu queria te dizer mas não vou (ou Prólogo)”, criada pela Ato Junto, também baseada no conto “Os Sobreviventes”. Com adaptação para o formato ‘teatro digital’, o experimento ficou em cartaz na pandemia, e agora volta a ser disponibilizado ao público, com legendas e audiodescrição, no Youtube da plataforma Ato Junto, na véspera da temporada de estreia no CCBB.
O processo
“‘Os Sobreviventes’ é um texto que fala sobre essa relação paralela do amadurecimento como indivíduo e sujeito histórico, ao longo da vida. Levanta temas sobre a angústia do envelhecimento dos ideais políticos, mas também sobre a maturação do desejo individual, e como o político e o pessoal se retroalimentam. Caio escreve, nesse momento de abertura política do país, do fim do sonho revolucionário dos 70 e do desbunde dos 80, da ressignificação do amor e sexualidade numa sociedade conservadora, de Cazuza, da ausência de ideologias e da quebra de expectativa para brasileiros que esperavam a utopia após tantos anos de repressão“, comenta o ator e dramaturgo paulistano, idealizador da plataforma Ato Junto, Thomaz Cannizza.
Era 2018, ano de eleições federais no Brasil, em que o debate político estava aquecido no país, quando Cannizza decide montar o conto de Caio Fernando Abreu. “Apesar de escrito em 1982, a obra comunica uma espécie de sentimento que também estava muito latente no Brasil, uma espécie de desilusão e cansaço com a percepção do quanto a história é cíclica e como regimes opressivos vêm, vão e estão sempre ali na iminência. A arte como a do Caio Fernando, que é sensível, transcende o tempo e vai abraçando a universalidade que existe. Há obras que envelhecem bem e as que envelhecem mal. O conto do Caio só rejuvenesce. Por essa atualidade, achei que o teatro poderia ser um lugar frutífero para trazer as palavras do Caio”, comenta.
No ano seguinte, Thomaz convida a atriz Luciana Veloso (Melhor Atriz pelo Prêmio Cenym 2020, por “A Obscena Senhora H”) para uma residência de seis meses, na Funarte. Lá experimentam diversas possibilidades cênicas para o conto de Abreu. “Reunimos um material dramatúrgico rico e chamamos Ana Regis para assistir a um dos ensaios. Ela acabou assumindo a direção”, lembra Thomaz.
Com a chegada da pandemia, em 2020, os artistas escolhem não seguir, naquele momento, com o trabalho, e montaram o experimento digital “Tudo que eu queria te dizer mas não vou (ou Prólogo)”, também inspirado no conto Os Sobreviventes. “Uma pesquisa que Ana (diretora) trouxe muito do cinema, a ideia de um ‘extra campo’. Na época, investigamos o que poderia ser a relação entre os personagens antes do conto do Caio. Exploramos essa façanha nos moldes do isolamento social: dois personagens debaixo do mesmo teto, mas cada ator em sua casa”, conta Cannizza.
A cena
2025. De volta aos palcos, a dramaturgia é reescrita e adaptada para o encontro com o público, no CCBB. “Daqui a pouco, tudo será revirado”, contextualiza Cannizza logo na primeira rubrica do texto. O ator e dramaturgo sinaliza para um espaço cênico que passa a ser um depósito de toda quinquilharia da vida dos personagens. “Nada sai, só acumula, se amontoa, se coleciona. E fica cada vez mais difícil trafegar, encontrar as coisas, se encontrar, sair dali”, acrescenta.
Em ‘Os Sobreviventes’ a marca do trabalho está na essência do teatro: “bons atores e um bom texto, com diálogos dinâmicos, cheios de entrelinhas”, ressalta a diretora Ana Regis. Vinda de uma trajetória no teatro e no audiovisual, a artista conta que a encenação traz tom naturalista. O cenário e objetos assinados por Bruna Cosfer e Marina Góes, e os figurinos propostos por Bárbara Batitucci, combinados à iluminação de Gabriel Corrêa, compõem duas grandes atmosferas principais no espetáculo: os anos 80 e o plano da memória (flashbacks dos personagens).
“O espectador em nenhum momento vai ser levado pelo encantamento de grandes figurinos e cenários, mas pela verborragia e movimento das palavras. Além disso, a parafernália cênica está exposta. Não há coxias: os atores trocam de roupas em cena. São vestes cotidianas, uma ou outra mais datadas como a calça alta, as listras, o camisão ou o maiô. Estamos optando por explorar esse universo que não seja simplesmente de época, mas de algo que perdure no tempo”, contextualiza Ana Regis.
“A seleção de músicas, assinada por Thomaz Cannizza, faz referência a sucessos que marcaram os anos 80, mas não só. “Funk, movimento Dark, New Wave, muitas tribos foram aparecendo na época. Optamos por trilhas de décadas anteriores que poderiam não só embalar, mas também explicar os universos desses personagens: Mutantes, Dolores Duran – sons marcantes na melodia, no ritmo, mas também no discurso. Toda manifestação artística é registro de sua época. Essas canções ainda são ouvidas, não só porque grudam feito chiclete, mas por falarem de algo pungente, que permanece no tempo, tão vivo, assim como a obra de Caio”, diz.
Após temporada de estreia no CCBB BH, o espetáculo segue em cartaz no Teatro Raul Belém Machado, no mês de maio. Nesse mesmo período, será oferecida oficina gratuita de capacitação para inscrição de projetos culturais em editais da SMC de Belo Horizonte, tendo como público-alvo artistas, empreendedores e interessados em geral, com idade mínima de 18 anos. As inscrições estarão abertas a partir do dia 21.04, no Instagram @atojunto.
Circuito Liberdade
O CCBB BH é integrante do Circuito Liberdade, complexo cultural sob gestão da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult), que reúne diversos espaços com as mais variadas formas de manifestação de arte e cultura em transversalidade com o turismo. Trabalhando em rede, as atividades dos equipamentos parceiros ao Circuito buscam desenvolvimento humano, cultural, turístico, social e econômico, com foco na economia criativa como mecanismo de geração de emprego e renda, além da democratização e ampliação do acesso da população às atividades propostas.
SERVIÇO
ESTREIA: ESPETÁCULO “OS SOBREVIVENTES” NO CCBB BH
Baseado no conto homônimo de Caio Fernando Abreu
Temporada de estreia
Exibição do teatro digital “Tudo que eu queria te dizer mas não vou (ou Prólogo)”
No Youtube da Ato Junto, durante toda a temporada do espetáculo
Até 21.04 – espetáculo em cartaz de sexta a segunda – às 19h, no Teatro II do CCBB BH
Ingressos a R$30,00 (inteira) e R$15,00 (meia-entrada), no site ccbb.com.br/bh e
na bilheteria física do CCBB BH (Praça da Liberdade, 450 – Funcionários – BH/MG)
Classificação indicativa: 14 anos | Duração: 80 minutos
Bate-papos
12.04, sábado, às 20h30 – Bate-papo “Uma conversa sobre Caio F.”, com convidado João Lúcio Xavier, sobre obra de Caio Fernando Abreu
Acessibilidade
Sessão 05.04, sábado – audiodescrição simultânea para até 30 pessoas via rádios transmissores
Sessões aos domingos: 31.03, 06.04 e 13.04 – Tradução em Libras