Mineira trata das pressões vividas por mulheres com punk rock
Não é de hoje que o patriarcado controla as escolhas e molda as mulheres. Isso só para começar. Não existe uma mulher que não tenha sido afetada por este sistema social. A mineira Lucia Vulcano começou a escrever músicas solo quando esteve em isolamento, durante a pandemia de Covid-19, quando se viu afastada dos palcos e da própria banda, a Pata.
Uma das canções que veio à tona foi “Ninguém manda em mim”, primeiro single da artista trata das pressões que são colocadas nas mulheres e já está disponível em todas as plataformas de streaming. Ela canta: “Quando eu for véia, quero ser uma véia barriguda, cachaceira, bafo de maconha, com os peitos lá no chão. Com o sovaco cabeludo e grisalho toda linda e enrugada, perigosa e gostosa com uma faca no meião!“.
“Eu achei importante falar sobre como são absurdas todas as demandas que colocam sobre as mulheres, para que elas não se sintam à vontade no próprio corpo. Já escutei mulheres falando que preferem passar calor com uma calça do que usar um short porque não tinham depilado a perna. Tipo, é só pelo e você nasceu com ele. É um nível de vigilância e exigência que colocam no nosso corpo para simplesmente existirmos. Isso tira a liberdade de simplesmente não termos de planejar o que iremos fazer para não parecermos inadequadas aos olhos dos outros. Então sou a favor de não fazermos nada disso, envelhecemos e enrugarmos à vontade, sem se preocupar com a vigilância do patriarcado e simplesmente termos prazer na vida com as coisas que gostamos. Fora a energia mental e o sentimento de inadequação, também são demandas que consomem financeiramente a vida de uma mulher”, critica Lucia.
Para a capa, a artista convidou a fotógrafa e videomaker Nat Trovão para uma série de fotos e videoclipes no Parque Guanabara em Belo Horizonte e fez algo totalmente despretensioso, o que tudo a ver com a nova música. Para cada canção do disco, Lucia fez um vídeo em um brinquedo diferente. Em “Ninguém manda em mim” foi avez do carrossel que estampa a capa do single. “Pensei em uma série de videoclipes, um em cada brinquedo para as faixas do disco. Achei que seria divertido e diferente”, comenta.
A artista está se preparando para lançar o primeiro álbum, que tem produção de Pedro Esteves, que se chamará “vim, vi e me fudi”. O álbum está previsto para sair em julho de 2024.
Mais sobre Lucia Vulcano
Lucia tinha apenas 5 anos quando começou a tocar flauta doce, logo trocando o instrumento pelo baixo na adolescência. Ela tem mestrado em Música pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Hoje é a vocalista e guitarrista do power trio Pata, também formado por Luis Friche (baixo) e Bê Moura (bateria). Com eles têm lançado o disco “Shit & Blood” (2019).