Fundações e OSCs assumem novo protagonismo no combate à desinformação e ao discurso de ódio

Em meio à polarização digital, especialistas apontam que o Terceiro Setor tem papel legítimo e crucial na promoção da educação midiática e na defesa da democracia

Em um cenário global de intensos debates sobre os limites da liberdade de expressão e os efeitos nocivos da desinformação para a democracia, as fundações e organizações da sociedade civil (OSCs) brasileiras estão se consolidando como agentes centrais na construção de um ambiente digital mais saudável. Com sua capilaridade social e credibilidade, essas entidades promovem ativamente a cidadania digital, a educação midiática e a defesa dos direitos humanos, oferecendo uma resposta estruturada ao avanço das fake news e do discurso de ódio.

Longe de atuar como censores, o papel dessas organizações é educativo e propositivo. Elas desenvolvem projetos de checagem de fatos, criam materiais pedagógicos para escolas e comunidades e promovem o debate público qualificado, fortalecendo a capacidade da sociedade de identificar e rechaçar conteúdos falsos ou odiosos. Essa atuação é vista por especialistas como fundamental para a manutenção de um ecossistema informativo plural e para a proteção de grupos vulnerabilizados, alvos frequentes de ataques online.

Para o advogado Tomáz de Aquino Resende, a legitimidade do Terceiro Setor nessa frente é inquestionável. “O papel das OSCs não é silenciar vozes, mas fortalecer a cidadania para que as pessoas possam fazer escolhas informadas e participar do debate público de forma construtiva. Elas atuam na raiz do problema: a falta de letramento midiático. Ao fazer isso, não apenas combatem a desinformação, mas fortalecem os próprios alicerces da democracia, sem ferir a liberdade de expressão”, afirma o especialista.

A atuação se dá em várias frentes, desde o monitoramento de narrativas que violam direitos humanos até a proposição de políticas públicas que incentivem a transparência das plataformas digitais. Essa responsabilidade, no entanto, também traz desafios, como a necessidade de financiamento sustentável para esses projetos e a própria segurança de seus ativistas.

“A desinformação e o discurso de ódio não são fenômenos abstratos; eles têm impacto direto na vida das pessoas, incitando a violência e minando a coesão social”, explica Tomáz. “Nossa missão é defender a dignidade humana e hoje essa defesa passa, necessariamente, pelo ambiente digital. Estamos ocupando um espaço que é nosso por direito e por dever, o de promover uma sociedade mais justa e bem-informada”, conclui.

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