No dia 30 de outubro, o público poderá conhecer as seis obras finalistas da 12ª edição do Festival Tinta Fresca, promovido pela Filarmônica de Minas Gerais, em concerto gratuito realizado na Sala Minas Gerais, às 20h30, com regência do maestro associado José Soares. São elas: Contemplação, de Igor Maia (SP), Sacro Sonoro, de Lucas Pigari (SP); Íntima Odisseia, de Luiz Hauck (MG); Noturno para Orquestra, de Felipe Jacob (SP), Fulgurações Cetíneas, de Willian Lentz (PR) e Ainulindalë, de José Corrêa (PA). Oportunidade rara no cenário nacional, o concurso para compositores tem oferecido um importante espaço aos talentos brasileiros. Entre os autores escolhidos, um vencedor receberá encomenda de obra sinfônica inédita a ser estreada na Temporada 2025 da Filarmônica de Minas Gerais. O Festival conta com uma comissão julgadora composta por profissionais de renome nacional, que, em 2024, é formada pelos compositores André Mehmari, João Guilherme Ripper e Leonardo Martinelli. O concerto é gratuito, com interpretação em libras e transmissão ao vivo pelo canal da Filarmônica no YouTube e pela Rádio MEC FM (87,1 BH e Brasília/99,3 RJ). Nesta noite, será lançado o edital do Festival Tinta Fresca 2025.
Este projeto é apresentado pelo Ministério da Cultura, Governo de Minas Gerais e Cemig por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Apoio: Circuito Liberdade e Programa Amigos da Filarmônica. Realização: Instituto Cultural Filarmônica, Secretaria Estadual de Cultura e Turismo de MG, Governo de Minas Gerais, Funarte,
Ministério da Cultura e Governo Federal.
O Festival Tinta Fresca conta com o apoio do Programa Amigos da Filarmônica e de patronos.
Compositores finalistas e suas obras
Luiz Hauck e a obra “Íntima Odisseia”
Luiz Hauck formou-se em 2023 no curso de Composição da Escola de Música da UFMG. Seu trabalho é caracterizado por uma abordagem poliestilística, na qual se sobressai a forte influência de compositores russos e franceses, com destaque para as tradições da música sinfônica e sacra. Sua obra Íntima Odisseia tem estrutura e nome inspirados na Odisseia de Homero, poema épico escrito na Grécia Antiga. Assim como o protagonista Odisseu, que embarca em uma longa jornada de volta para casa, a peça começa em territórios desconhecidos, apresentando ideias musicais ainda imprecisas. À medida que a composição avança, tais ideias ganham clareza, em um percurso que reflete um processo de descoberta interior. Tal como no épico de Homero, a jornada desenhada pela Íntima Odisseia de Hauck representa um retorno íntimo a si mesmo, por isso o seu título.
Felipe Jacob e a obra “Noturno para orquestra”
Felipe Jacob formou-se no curso de Oceanografia em 2022 e, no ano seguinte, ingressou no Bacharelado em Violão da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). De caráter impressionista, o seu Noturno para orquestra retrata paisagens da natureza e narra uma breve história fantástica. Uma criatura desengonçada, que nem sempre acorda, finalmente se levanta. Após cenas ao entardecer, o corne inglês anuncia o seu despertar e, para a tristeza dos animais sonolentos, essa criatura adora dançar. Eis que um passarinho incomodado tem uma ideia: enlouquecer a criatura com uma grande festa para fazê-la dormir mais cedo. Escrita para grande orquestra, a obra busca expressar o carisma das personagens construindo uma atmosfera divertida e empolgante. Será a primeira peça de Jacob executada publicamente. Atualmente, o compositor trabalha em diversas partituras para conjuntos de câmara.
Igor Maia e a obra “Contemplações”
Natural de Campinas (SP), Igor Maia é compositor, regente e doutor em Composição pelo King’s College de Londres. Desde 2019, atua como professor adjunto de Composição na UFMG e, em 2023, foi contemplado com uma bolsa de estudos da Ernst Mach Grant na Anton Bruckner University, na Áustria. Atualmente, é compositor residente da Orquestra Sesiminas. Premiado em diversos concursos, suas obras foram apresentadas em festivais e concertos na Europa, Américas e Japão. Sua peça Contemplações é inspirada no hino medieval Jesus Christus, nostra salus (“Jesus Cristo, nosso Salvador”), atribuído a Jan z Jenstejna, e em um coral e um prelúdio coral de J. S. Bach. A obra percorre, de forma contemplativa, partes de uma catedral em quatro movimentos: “Entrada”, “Mosaico”, “Vitral” e “Coro”. Os três primeiros exploram técnicas de cânone, colagem e sobreposição para elaborar diferentes texturas, harmonias e cores, enquanto o último se apresenta como uma transcrição criativa do prelúdio
Lucas Pigari e a obra “Sacro Sonoro”
Natural de Mariápolis (SP), Lucas Pigari graduou-se em Música pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da USP. Pela mesma instituição, formou-se também em Biblioteconomia e Ciência da Informação e, durante um período, atuou como bolsista de arquivo e edição musical da USP Filarmônica. Sua obra Sacro Sonoro tem origem em uma viagem que realizou a Minas Gerais pela universidade em 2019, quando teve contato, pela primeira vez, com a arquitetura sacra do barroco mineiro. Impressionado pela monumentalidade das igrejas matrizes visitadas em Prados, São João del-Rei e Tiradentes, Pigari compôs uma peça que buscasse expressar a beleza artística desses cenários e o impacto que lhe causaram. Nos últimos anos, suas composições foram finalistas em diversos concursos nacionais. Em 2023, Pigari conquistou o primeiro lugar do concurso de composição do festival Gramado in Concert.
José Corrêa e a obra “Ainulindalë”
Nascido em Belém (PA), José Corrêa iniciou seus estudos ao piano em 2017, com a professora Glória Caputo, e começou a compor em 2019. Ganhou o primeiro lugar no concurso de composição da Fundação Carlos Gomes em 2022, e, em 2023, teve seu primeiro quarteto de cordas estreado na 25ª Bienal de Música Brasileira Contemporânea. Atualmente, Corrêa estuda na classe de composição do professor Sérgio Molina no Instituto Estadual Carlos Gomes (IECG). Sua peça Ainulindalë é um poema sinfônico baseado em uma das histórias do livro O Silmarillion, de J.R.R. Tolkien. Assim como a música descrita no texto que a inspira, a composição possui três temas principais. O primeiro tema é modal, sendo pouco a pouco distorcido por dissonâncias introduzidas pelo trompete. Já o segundo tema desenvolve o tonalismo, com as modulações sendo guiadas pelas dissonâncias, enquanto o terceiro tema traz técnicas pós-tonais, como politonalismo e uso livre do sistema axial de Bartók.
Willian Lentz e a obra “Fulgurações Cetíneas”
Natural de Curitiba (PR), Willian Lentz é compositor, regente e doutorando em Composição pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). Formou-se pela Universidade Estadual do Paraná (Unespar) e é mestre pela UFPR. Estudou regência na EMESP Tom Jobim, em São Paulo, e atualmente integra a Classe de Regência da Osesp. Participou de festivais no Brasil e no exterior e, há oito anos, atua como maestro e coordenador da Orquestra de Cordas da Fundação Solidariedade. Entre suas principais composições, estão a ópera A fome dos cães, a peça de câmara A Máquina Entreaberta e Ar Diamantinado, esta última premiada na Ucrânia. De inspiração lírica e sugestões eróticas, sua obra Fulgurações Cetíneas insinua o desejo de um êxtase crescente, que parte da ansiedade de uma “força suspensa” e culmina em uma erupção de sentimentos simultâneos – cólera, alegria, ânsia e esperança.
A Comissão Julgadora
André Mehmari
Pianista, multi-instrumentista, produtor, arranjador e compositor, André Mehmari nasceu em Niterói (RJ), em 1977. Tornou-se um dos compositores mais requisitados de sua geração, com obras premiadas tanto no campo da música de concerto como no da música popular. Suas peças e arranjos foram executados por importantes orquestras e grupos de câmara, entre eles a Filarmônica de Minas Gerais, Osesp, OSB, Miami Symphony, Orchestre de Normandie e Quinteto Villa-Lobos. Como solista, criou duos elogiados com Antonio Meneses, Mário Laginha, Maria João, Hamilton de Holanda, Chico Pinheiro, Ná Ozzetti, Maria Bethânia e Mônica Salmaso, entre outros. Apresentou-se em diversos países e em palcos de renome internacional, como o Carnegie Hall e o Lincoln Center em Nova York, a Salle Gaveau em Paris e o Teatro Colón de Buenos Aires. Participou dos principais festivais de música brasileiros e apresentou-se nas maiores salas de concerto do país. Entre seus trabalhos recentes, estão a ópera O Machete, inspirada em um conto de Machado de Assis; a trilha sonora original para a série 3%, da Netflix; e o Concerto para violoncelo e orquestra, estreado em dezembro do ano passado pelo seu amigo Antonio Meneses com a nossa Filarmônica.
João Guilherme Ripper
Compositor, professor e gestor cultural, João Guilherme Ripper nasceu no Rio de Janeiro. Graduou-se e concluiu o mestrado pela UFRJ, e obteve o grau de Doutor pela Catholic University of America, nos Estados Unidos. Foi diretor da Sala Cecília Meireles de 2004 a 2023, com exceção do período entre 2015 e 2017, quando assumiu o cargo de Presidente da Fundação Theatro Municipal do Rio de Janeiro. É membro da Academia Brasileira de Música e, desde 1988, atua como professor na Escola de Música da UFRJ. Como compositor e regente, colabora frequentemente com grandes orquestras, teatros e festivais no Brasil e no exterior. Entre as composições recentes, destacam-se Fantasia Tarumã, Abertura Cartagena, Cinco poemas de Vinícius de Moraes e Jogos Sinfônicos, esta última encomendada pela Filarmônica de Minas Gerais. Reconhecido como um dos principais operistas brasileiros, Ripper é autor de Piedade, produzida no Teatro Colón de Buenos Aires, Theatro Municipal de São Paulo, Sala Cecília Meireles e Festival Amazonas de Ópera, entre outros; Cartas Portuguesas, monodrama produzido na Sala São Paulo, Fundação Gulbenkian de Lisboa e na Sala Minas Gerais, com a nossa Orquestra; e outros sucessos como Domitila, Anjo Negro e Candinho.
Leonardo Martinelli
Natural de São Paulo (SP), Leonardo Martinelli é compositor, doutor em Música pelo Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e professor da Faculdade Santa Marcelina. Realizou a base de sua formação musical na antiga Universidade Livre de Música (atual EMESP Tom Jobim) e graduou-se em Composição e Regência pelo Instituto de Artes da Unesp, onde também concluiu o seu mestrado. Entre 2014 e 2016, dirigiu os programas educacionais do Theatro Municipal de São Paulo, contribuindo com a criação dos projetos Opera Studio e Ateliê Contemporâneo. Atuou como docente na Escola Municipal de Música de São Paulo e na Academia da Osesp. Suas peças de câmara e para conjuntos sinfônicos têm sido apresentadas regularmente nos principais eventos de música contemporânea do Brasil e interpretadas por importantes orquestras, grupos de câmara e solistas em atividade no país e no exterior. É autor de quatro elogiadas óperas, sendo as mais recentes Navalha na Carne, baseada na peça de Plínio Marcos, e O canto do cisne, ambas estreadas em 2022. Seu Concerto para orquestra foi escrito especialmente em comemoração ao aniversário de 15 anos da Filarmônica, e estreado pela nossa Orquestra em março do ano passado, na Sala Minas Gerais.
Maestro José Soares, Regente Associado da Filarmônica de Minas Gerais
Natural de São Paulo, José Soares é Regente Associado da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais desde 2022, tendo sido seu Regente Assistente nas duas temporadas anteriores. Venceu o 19º Concurso Internacional de Regência de Tóquio (2021), recebendo também o prêmio do público. Bacharel em Composição pela Universidade de São Paulo, iniciou-se na música com sua mãe, Ana Yara Campos. Estudou com o maestro Claudio Cruz e teve aulas com Paavo Järvi, Neëme Järvi, Kristjan Järvi e Leonid Grin. Foi orientado por Marin Alsop, Arvo Volmer, Giancarlo Guerrero e Alexander Libreich no Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão. Pelo Prêmio de Regência recebido no festival, atuou como regente assistente da Osesp na temporada 2018. José Soares foi aluno do Laboratório de Regência da Filarmônica e convidado pelo maestro Fabio Mechetti a reger um dos Concertos para a Juventude da temporada 2019. Dirigiu a Osesp, a New Japan Philharmonic, Sinfônica de Hiroshima e Filarmônica de Nagoya, no Japão. Em 2024, conduziu a Orquestra de Câmara de Curitiba, a Sinfônica da Universidade Estadual de Londrina, a Sinfônica Jovem do Rio de Janeiro, a Sinfônica do Paraná, junto ao Balé do Teatro Guaíra, retornou à Osesp e à Sinfônica Jovem de São Paulo, e tem concerto agendado com a Orquestra Sinfônica Brasileira – OSB, no Rio de Janeiro.
Sobre o Festival Tinta Fresca
A Filarmônica de Minas Gerais criou, em 2008, o Festival Tinta Fresca. Oportunidade rara no cenário nacional, o concurso para compositores está em sua 12ª edição e tem oferecido um importante espaço aos talentos brasileiros. Os finalistas têm suas obras executadas pela Orquestra em concerto público. Entre os autores escolhidos, um vencedor receberá encomenda de obra inédita a ser estreada na Temporada 2025 da Filarmônica de Minas Gerais. O Festival conta com uma comissão julgadora composta por profissionais de renome nacional, para a leitura das obras dos compositores inscritos. As obras finalistas serão apresentadas no dia 30 de outubro de 2024, em concerto gratuito.
Além de participarem ativamente dos ensaios, interagindo com orquestra e regente, os candidatos têm a oportunidade de se reunir com os membros do júri para conhecer com mais profundidade as percepções sobre seu trabalho. As obras são inéditas e ter até 15 minutos de duração. Não há restrição de idade.
Serviço:
Filarmônica de Minas Gerais
12º Festival Tinta Fresca
30 de outubro – 20h30
Sala Minas Gerais
Gratuito
José Soares, regente
I. MAIA Contemplação
L. PIGARI Sacro Sonoro
L. F. HAUCK Íntima Odisseia
F. FERNANDES Noturno para Orquestra
W. LENTZ Fulgurações Cetíneas
J. C. SILVA Ainulindalë
CONCERTO GRATUITO, COM PRESENÇA DE PÚBLICO E TRANSMISSÃO AO VIVO PELO CANAL DA FILARMÔNICA NO YOUTUBE E PELA RÁDIO MEC (87,1 BH e Brasília / 99,3 RJ).
A distribuição de ingressos será feita na sexta-feira, dia 25 de outubro, a partir do meio-dia, pela internet, no site da Filarmônica (www.filarmonica.art.br), limitada a 2 ingressos por pessoa.
Informações: (31) 3219-9000 ou www.filarmonica.art.br
12º Festival Tinta Fresca
Para compositores brasileiros natos ou naturalizados
Realização
De 28 a 30 de outubro de 2024, na Sala Minas Gerais, em Belo Horizonte/MG.
Concerto de encerramento gratuito e aberto ao público: 30 de outubro de 2024, às 20h30, na Sala Minas Gerais.
Lançamento do edital para Festival Tinta Fresca 2025: 30 de outubro de 2024. Inscrições: 30 de outubro de 2024 a 2 de fevereiro de 2025.