A Liga Acadêmica de Puericultura, Pediatria e Adolescência (LAPPA), da Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais (FCM-MG), está conduzindo um importante projeto de pesquisa para avaliar o impacto da capacitação de cuidadores de crianças na realização da Manobra de Heimlich, técnica essencial para o desengasgo em situações de emergência. O estudo, conduzido pelos alunos pesquisadores sob a orientação da pneumologista e professora da faculdade, Isabela Picinin e da Professora Gleisy Gonçalves, tem como objetivo primordial promover a segurança das crianças em ambientes domésticos e institucionais.
A pesquisa, iniciada em Belo Horizonte em 2020, visa avaliar o nível de conhecimento dos cuidadores sobre a Manobra de Heimlich antes e depois de uma capacitação específica. Segundo a professora Isabela Picinin, “a correta aplicação da Manobra de Heimlich pode salvar vidas em casos de asfixia, que é uma das principais causas de morte acidental em crianças pequenas. A capacitação dos cuidadores é fundamental para garantir que eles estejam preparados para agir de forma rápida e eficaz em situações de emergência.”
O projeto contempla a aplicação de um questionário aos cuidadores antes e após a capacitação, permitindo medir o impacto da intervenção educativa na retenção e aplicação dos conhecimentos adquiridos. “Nosso objetivo é assegurar que os cuidadores, ao final do processo de capacitação, se sintam confiantes e aptos a realizar a manobra corretamente, reduzindo o risco de fatalidades em casos de engasgo”, destaca Picinin.
A pesquisa aborda um tema de extrema relevância em saúde pública. Dados do Sistema Único de Saúde (DATASUS) indicam que a asfixia é a principal causa de mortes acidentais em crianças menores de um ano no Brasil. “A capacitação oferecida pelo nosso projeto pode contribuir diretamente para a redução dessas estatísticas alarmantes”, conclui a professora.
Os resultados deste estudo poderão embasar futuras campanhas de conscientização e capacitação direcionadas a pais, responsáveis e profissionais que trabalham diretamente com crianças, ampliando o alcance das ações preventivas e fortalecendo a rede de proteção infantil.
DADOS SOBRE ENGASGO
Em 2023, pelo menos 2.000 pessoas morreram engasgadas no país, segundo dados do Ministério da Saúde. Dessas, a maioria era bebês ou idosos. Mais da metade das vítimas tinham acima de 65 anos. Da faixa de 0 a 4 anos, foram 319 crianças. Esse número representa um aumento de 39,8% em relação ao registrado em 2020, que foram 1.431 casos.
O alerta é para que toda pessoa, não apenas profissionais de saúde, saiba lidar com casos de engasgo.