Em meio a incêndios florestais e escassez hídrica, alunos do UniBH prestam assistência médica a comunidades à beira do Rio Tapajós, no Pará

Realizada em outubro, expedição de alunos de medicina atendeu moradores da região priorizando doenças trazidas pelos desastres ambientais

O Brasil inteiro está acompanhando as situações de queimadas, estiagem e incêndios florestais que estão atingindo, principalmente, a região da Amazônia, deixando a população ainda mais vulnerável. No objetivo de prestar atendimento em saúde e levar um pouco de qualidade de vida para os moradores destas regiões isoladas, alunos do Centro Universitário UniBH fizeram parte da Missão Amazônia, projeto idealizado pela Inspirali, principal ecossistema de educação médica do país.
Executada neste mês de outubro, a ideia inicial da expedição foi dar continuidade ao atendimento e assistência à saúde nestas comunidades ribeirinhas e proporcionar uma experiência humanitária para futuros médicos. Entretanto, na atual situação, os alunos partiram com mais um compromisso em mente: o de tentar amenizar as doenças trazidas por estes desastres ambientais.
“A mudança climática afetou a Amazônia de maneira assustadora e a nossa expedição foi atípica, pois o Rio tapajós encara nesse instante uma das maiores secas dos últimos anos. As populações anseiam pela chegada da saúde e, com isso, estávamos ansiosos por levar saúde para eles”, conta Janine Rodrigues Santos, estudante do 11º período de Medicina no Centro Universitário. “Os atendimentos médicos me permitiram entender de perto as dificuldades e a resiliência da população, e foi impactante ver como pequenas ações como o aconselhamento sobre lavagem de mãos ou escovação dentária podem fazer a diferença significativa na vida dos moradores”, enfatizou.
Dentro da política do SUS, a ação presta atenção primária à saúde e analisa a situação e condições de vida da população local, identificando riscos, vulnerabilidades e potencialidades para que seja possível intervir de forma mais assertiva nos problemas de saúde e necessidades da região de forma contínua. Entre consultas ginecológicas, pediátricas, cirurgias ambulatoriais e atendimentos de medicina de família e comunidade, a experiência abrange diversas especialidades. Também foram prestados atendimentos por teleconsulta em parceria com as CIS (Clínicas Integradas de Saúde), da Inspirali, e a utilização de um Prontlife (Prontuário Eletrônico do Paciente), que atua na captação, armazenamento e gestão de dados para interoperabilidade de informações com o e-SUS.
“Minha experiência mais marcante foi uma visita domiciliar. Tratava-se de um garoto de 20 anos, que vive com sofrimento mental e suspeita de esquizofrenia. Por ser extremamente agressivo com a população e animais, precisou ser trancado em um quarto, no qual se encontra até hoje. Ele é uma criança no corpo de um rapaz, apaixonado por Galinha Pintadinha, música e chocolate”, narrou Ana Vitória Ramos D’Antonino, acadêmica de medicina e participante da missão.

 

“Fiz questão de levar, de forma improvisada, uma galinha feita de balões e chocolates arrecadados entre os colegas, e a nossa abordagem consistia em recomendar a medicação adequada para o seu tratamento. Meu primeiro contato com ele foi enriquecedor, ele sorriu pra mim. Daí em diante minha atenção se voltou toda para entender o que estava se passando na sua cabeça. Entre danças, risadas e brincadeiras, percebemos que ele é apenas um menino, não um monstro, e fizemos tudo o que podíamos naquele momento. Foram 12 dias extremamente desafiadores, mas com um propósito maior, de levar aqueles que não tem muito um pouco do que podemos: saúde e educação”, destaca.

 

Além dos acadêmicos do UniBH, estiveram presentes estudantes dos campus UNISUL Pedra Branca (SC), UNP (RN), UNIFACS (BA), Universidade Anhembi Morumbi Mooca (SP) e Universidade São Judas Tadeu (SP) que embarcam junto à equipe de especialistas no Navio Hospital Escola Abaré, da UFOPA (Universidade Federal do Oeste do Pará), instruídos por 8 médicos professores e preceptores das escolas Inspirali, sendo, destes, 2 egressos dos cursos de medicina do ecossistema, veteranos da Missão Amazônia, que retornam para orientar os estudantes.

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