Profissão, que enfrenta desafios no Brasil, desempenha papel importante no processo de recuperação da mobilidade
Nesta segunda-feira, 09 de setembro, comemora-se o Dia do Fisiatra, uma data que vai além da celebração da profissão, destacando o papel dos fisiatras na reabilitação e recuperação de pacientes. Este dia reflete também a importância desses profissionais na melhoria da qualidade de vida e bem-estar das pessoas, especialmente as que enfrentam problemas de saúde complexos e prolongados.
Segundo o médico fisiatra Ricardo Diaz Savoldelli, que é coordenador nacional de reabilitação e transição de cuidados da Versania Brasil, os especialistas em medicina física e reabilitação, podem desempenhar um papel fundamental na potencialização do trabalho do fisioterapeuta e de toda a equipe multiprofissional, no entanto, destaca que a fisiatria é uma das especialidades médicas com menor número de profissionais no Brasil.
“Vivemos em um país com dimensões continentais, onde o acesso das pessoas à reabilitação é limitado. Só para termos uma ideia do problema, estudos mostram que apenas 5% das pessoas que apresentam um AVC (ou AVE) tem o acesso à reabilitação no Brasil. Isso é um absurdo e precisa ser melhorado”, ressalta.
De acordo com Savoldelli, que atua na área há quase 20 anos, no processo de reabilitação, a comunicação e o entendimento de todos os envolvidos são fundamentais. “Caso os objetivos do paciente, dos familiares e da equipe médica sejam diferentes, não se chega a lugar nenhum. É como um barco: se cada um remar para um lugar diferente, não chegarão a lugar nenhum”, ressalta.
“Na Versania, faço a questão que os pacientes e familiares entendam que eles fazem parte do processo e que, juntos, tracemos os objetivos. Temos reuniões frequentes com a equipe e os familiares para estarmos alinhados e, assim, atingir as metas que todos nós estipulamos”, explica o fisiatra.
Desafios
Um dos desafios, na atualidade, é que muitos gestores de saúde veem a reabilitação como um custo e não como um investimento, conforme Savoldelli. “É preciso entender que uma reabilitação bem feita potencializa o resultado de uma cirurgia, inclusive, muitas vezes, evita um procedimento cirúrgico, reinternações, estimula a reinserção do indivíduo à sociedade, ao mercado de trabalho, além de outros ganhos já comprovados.”
O médico salienta, ainda, que muitos lugares no país não possuem estrutura de reabilitação adequada. “O paciente é avaliado, o plano terapêutico é traçado, mas não é realizado.”
Em contrapartida, a unidade da Versania em BH, especializada em reabilitação e cuidados paliativos, conta com completa infraestrutura, equipe multiprofissional e filosofia de reabilitação, segundo Savoldelli. “É uma outra realidade. Eu recebo apoio do escritório de qualidade da Espanha, da Colômbia e do Data Healthlab. Neste contexto, acredito que dois grandes desafios são: fazer com que o paciente chegue no momento certo para o nosso serviço e, além disso, garantir a continuidade dos cuidados de reabilitação dele após a alta em nossa instituição”.
Na Versania, a maioria dos pacientes que passam por processo de reabilitação está relacionada às condições neurológicas, ortopédicas, oncológicas, pulmonares, amputação, que passaram pela UTI com quadro de sepse e outros casos.
“Eu digo que a reabilitação não é matemática: a quantidade de sessões não está relacionada à qualidade. Existe toda uma lógica no programa de reabilitação. É preciso paciência. Tanto os pacientes quanto os familiares devem valorizar os pequenos ganhos”, enfatiza o médico.