Empresa parceira do sistema prisional já capacitou 25 custodiados que vão atuar na fábrica que será instalada no presídio
A ausência de qualificação profissional está entre os principais obstáculos para que egressos do sistema prisional conquistem um novo emprego e deixem o mundo do crime.
Para reverter essa situação e incentivar a capacitação dos detentos, o Presídio de São Sebastião do Paraíso, situado na divisa entre Minas Gerais e o estado de São Paulo, firmou, recentemente, uma parceria com a empresa paulista Metalvale para capacitar profissionalmente os custodiados e empregá-los nas atividades de produção da organização.
O planejamento deste trabalho de cooperação entre a unidade prisional e a empresa começou em julho deste ano. Em São Paulo, a organização já empregava mão de obra carcerária em seus setores de produção, e, vislumbrando a possibilidade de expandir essa iniciativa também para o território mineiro, procurou o Presídio de São Sebastião do Paraíso, no Sul de Minas.
Especializada na confecção de aviamentos em metal destinados à fabricação de cintos, bolsas, calçados, entre outros, a Metalvale oferece aos detentos um curso, com duração de 40 horas, no qual eles aprendem sobre a montagem correta de pinos em fivelas, utilizando ferramentas como graziano e alicate, técnicas de lixamento de rebarbas em peças de zamac utilizando lixadeiras industriais e uso de furadeira de bancada para remanchar apliques.
Todos os maquinários e equipamentos de proteção individual (EPIs) necessários para a realização do treinamento são disponibilizados pela empresa, que também designa um colaborador para acompanhar o processo de aprendizagem.
Perspectivas para o futuro
A primeira turma de custodiados, composta por cinco pessoas que estão em regime semiaberto, concluiu o curso no dia 27/9. No dia 30 do mesmo mês, uma nova turma deu início à qualificação, contando agora com 20 alunos. O crescimento expressivo de participantes aconteceu de maneira orgânica.
Segundo o diretor regional da Polícia Penal na 18ª Região Integrada de Segurança Pública (RISP), Francisco da Silva Neto, quando os detentos souberam da realização do curso, o interesse foi imediato.
“Como na unidade prisional existem duas turmas escolares, foi ofertado aos indivíduos privados de liberdade que estão matriculados na escola o curso profissionalizante”, conta.
Ao final do curso, todos os participantes receberão um certificado, que será anexado ao processo de execução da pena: para cada três dias trabalhados, um é reduzido na sentença a ser cumprida.
Com a conclusão das primeiras duas turmas do curso, há previsão de que a Metalvale contrate os melhores alunos para atuar efetivamente na fabricação de seus produtos na unidade fabril que será instalada no Presídio de São Sebastião do Paraíso.
A princípio, serão contratados entre dez e 15 detentos que, além da remição de pena, serão remunerados por seu trabalho. A expectativa é que, ao longo do tempo, um total de 50 custodiados sejam empregados pela empresa.
Rodolfho Formágio é um dos custodiados que participam do curso. Ele conta que, no primeiro dia, tudo era uma grande novidade e que ele e seus companheiros estavam muito curiosos sobre como a fábrica funcionaria e como o trabalho seria feito. Hoje, todos têm gostado da nova rotina. “Já de primeiro impacto nós nos adaptamos ao trabalho e estamos nos dando bem. A cada dia que passa o trabalho tem sido melhor para cada um de nós”.