Especialista dá dicas para prevenir infecções e evitar danos, como micoses e agravamento da acne
Minas Gerais tem a segunda maior frota de motocicletas do Brasil, segundo dados do Ministério dos Transportes. Em Belo Horizonte, das mais de 320 mil motos circulando diariamente, estima-se que cerca de 120 mil estejam cadastradas em plataformas de entrega e transporte de passageiros por aplicativo na capital mineira.
Com a popularização dos chamados ‘mototáxis’ por aplicativos no Brasil — modalidade que, segundo a empresa 99, pode ser até 40% mais barata do que as corridas de carro — cresce também uma prática prioritariamente voltada à segurança do passageiro: o compartilhamento de capacetes. O que muitos negligenciam é que, sem a devida higienização, o item pode se transformar em um vetor propício à proliferação de fungos e bactérias, com potencial para causar diversas doenças da pele e do couro cabeludo.
Diogo Pazzini, dermatologista da Hapvida, alerta que capacetes utilizados por diferentes pessoas ao longo do dia, sem higienização adequada, podem favorecer a transmissão de infecções como foliculite, impetigo, pediculose (piolhos) e micoses. Segundo ele, também é comum o agravamento de quadros de acne, especialmente na região da testa, do couro cabeludo e das têmporas, em razão do contato direto e constante com o equipamento.
“É o que chamamos de acne mecânica, provocada pela obstrução dos poros devido à pressão e ao atrito”, explica o especialista. Além da fricção, o ambiente interno do capacete costuma ser quente, abafado e, muitas vezes, úmido, condições ideais para o crescimento de fungos e bactérias.
De acordo com Diogo, esses micro-organismos podem sobreviver por dias ou até semanas no interior do acessório, alimentando-se de resíduos de suor, oleosidade e células mortas. “Isso pode desencadear coceira, ardência, queda localizada de cabelo, formação de espinhas e agravamento de condições pré-existentes, como dermatite seborreica”, afirma.
Dentre os sinais que devem acender um alerta estão coceira persistente, espinhas, feridas no couro cabeludo, falhas capilares localizadas e sensação de ardência. Pazzini ressalta que, nesses casos, é fundamental procurar um dermatologista e informar sobre o uso de capacetes compartilhados. Isso ajuda no diagnóstico e na identificação precoce de possíveis infecções cutâneas.
Cuidados extra para evitar contaminações
Medidas simples de proteção devem ser adotadas, segundo o dermatologista, ao utilizar capacetes em mototáxis. “O uso de uma touca descartável ou de uma bandana entre o couro cabeludo e o capacete funciona como barreira física e reduz o risco de contaminação. Sabemos que nem sempre é viável o passageiro ter seu próprio capacete, mas pequenas atitudes de cuidado já ajudam bastante”, orienta.
O especialista também recomenda atenção à aparência e ao cheiro do capacete antes do uso. Equipamentos visivelmente sujos ou com odor forte devem ser evitados. Os mototaxistas também devem realizar a higienização frequente dos capacetes com produtos adequados, para garantir a segurança da pele.
“A saúde da pele é parte da saúde geral. E o capacete, que é um item de segurança obrigatório, pode acabar se tornando um vetor de infecções se não for higienizado com frequência”, conclui o dermatologista.