Espetáculo dirigido pela coreógrafa mineira Carol Saletti reúne 180 mulheres maduras em 20 coreográficas que provocam a reflexão sobre o que temos feito das nossas vidas e como as nossas escolhas impactam no nosso corpo orgânico, físico, social e planetário. Montagem fará três únicas apresentações, nos dias 16 e 17 de outubro, no Teatro Sesiminas.
“O que temos feito das nossas vidas?”. Esse é o ponto de partida para o novo espetáculo de dança do Casulo Espaço e Tempo de Dança, “Equilíbrio é Verbo”, idealizado e dirigido pela coreógrafa mineira Carol Saletti. Em cena, 180 mulheres com idades entre 30 e 85 anos dançam 20 coreografias inspiradas nas suas vivências e na leitura de três obras: “IKIGAI”, de Ken Mogi; “Felicidade: ciência e prática para uma vida feliz”, da médica psiquiatra Ana Beatriz Barbosa; e o “O Essencialismo: a disciplinada busca por menos“, de Greg McKeown. A estreia da montagem será nos dias 16 e 17 de outubro em três sessões: quarta às 21h e quinta às 18h30 e 21h, no Teatro Sesiminas. Participação especial da cantora Celinha Braga. Ingressos à venda pelo site Sympla (https://bileto.sympla.com.br/event/98947) e na bilheteria do teatro.
“O Casulo sempre busca abordar nos seus espetáculos temas que fazem sentido para as nossas alunas e para o público. No ano passado, estreamos a montagem ‘É Vida’, onde as alunas dançaram sobre o sentido da vida a partir das suas experiências, considerando a finitude como uma condição natural à existência. Neste ano, a reflexão é sobre como temos vivido a nossa vida? Quais as escolhas temos feito e quais as consequências dessas escolhas para o nosso corpo orgânico, para o nosso corpo físico, social e planetário?”, explica Carol Saletti, fundadora do Casulo Espaço e Tempo de Dança, que além de coreógrafa, é psicóloga, especialista em Psicomotricidade e Mestre em Psicologia da Saúde e do Desenvolvimento (FR).
O ponto de partida para a reflexão sobre o tema é a palavra equilíbrio. Carol Saletti explica que essa foi a primeira expressão que veio à sua mente quando parou para pensar no seu propósito para 2024. “Assim como muitas outras pessoas, eu percebi que estava vivendo uma vida como uma equilibrista, tentando equilibrar pratinhos sem muito sucesso: ser uma boa profissional, uma boa mãe, uma boa esposa, uma boa filha, uma boa amiga… O cobertor acaba sendo pequeno para tantas funções, tantas demandas, tantas cobranças, autocobranças e culpa. Era urgente descobrir quais as mudanças que eu precisava fazer na minha vida, quais as ações que me ajudariam a ter uma vida mais saudável e feliz”, conta a coreógrafa.
Durante o processo de criação do espetáculo, Carol Saletti buscou inspiração em três livros que a ajudaram a se aproximar do tema: “IKIGAI”, de Ken Mogi; “Felicidade: ciência e prática para uma vida feliz”, da médica psiquiatra Ana Beatriz Barbosa; e o “O Essencialismo: a disciplinada busca por menos“, de Greg McKeown. “Primeiro eu li IKIGAI, uma filosofia japonesa que fala sobre a busca e a vivência de seu propósito de vida. Em seguida, a obra “Felicidade: ciência e prática para uma vida feliz”, que além da parte neuroquímica da felicidade, aborda comportamentos de higiene de vida. E por último, me debrucei na obra “O Essencialismo: a disciplinada busca por menos“, que se tornou a maior fonte de inspiração para o espetáculo. É um livro cuja leitura traz muitas reflexões sobre como temos vivido a nossa vida e como podemos simplificá-la com o que apenas é essencial para cada um de nós”, detalha.
O livro “O Essencialismo: a disciplinada busca por menos” também motivou o grupo a buscar mais conhecimento sobre o minimalismo, para entender como essa filosofia de vida pode auxiliar as pessoas na busca por uma vida mais saudável e feliz, e com menos consumo, e como essas referências poderiam estar presentes no espetáculo. “Passamos a ter uma visão mais crítica sobre as nossas escolhas e ações, a perceber o que realmente é essencial para a produção de um espetáculo. A proposta não é apresentar uma montagem grandiosa, mas sim um trabalho que transmita mensagens e inspire reflexões, assim como aconteceu para as participantes, desde a sua concepção até o momento de subir no palco”, explica Carol Saletti.
O cenário de “Equilíbrio e Verbo” é assinado pela artista plástica Ana Luiza Bouissou (aluna do Casulo Espaço e Tempo de Dança), que utilizou como material principal sacolas plásticas, simbolizando o consumo no padrão capitalista. Inspirada no livro “A elegância do ouriço”, da francesas Muriel Barbary, Ana Luiza partiu do pensamento “parecer sem ser, ser sem parecer”, propondo, a partir dos elementos cênicos, a reflexão sobre o que as pessoas compram e o que de fato é necessário comprar. “A proposta é fazer pensar sobre o consumo desnecessário, a partir de algo que chegou como uma solução, mas que hoje é um grande problema para o planeta: a sacola plástica. O cenário traz dois elementos como principais: correntes construídas a partir de sacolas plásticas brancas e bambolês preenchidos com retalhos de sacolas plásticas coloridas. Cerca de 5 kg de sacolas plásticas foram utilizadas na confecção de 170 metros de correntes. É importante destacar que o cenário foi construído pela Ana Luiza com a ajuda de algumas colegas do Casulo, antes das aulas”, conta Carol Saletti.
A coreógrafa conta que a filosofia minimalista também está presente no figurino, criado por ela e pela figurinista Danny Maia. Em cena, as 180 alunas estarão vestidas com suas próprias roupas. Carol Saletti conta que desde a concepção do espetáculo a ideia era não confeccionar um figurino que fosse utilizado somente durante as apresentações. “No ‘É Vida’, algumas alunas manifestaram um desconforto com o figurino, por incômodos pessoais com o corpo que iria vestir roupas não escolhidas por elas e que, muitas vezes, evidenciavam algo que elas já tinham o hábito de esconder com modelos específicos. Isso ficou como um aprendizado, porque no Casulo o bem-estar das mulheres é primordial. Então, para ‘Equilíbrio é Verbo’, demos um passo atrás e no lugar de uma superprodução de figurino, surgiu a ideia de as alunas usarem as suas próprias roupas. Assim, elas estarão vestidas com peças que são confortáveis para elas, e evitamos comprar ou confeccionar figurinos que serão usados apenas por um dia e depois descartados. Definimos apenas as cores preto e branco como o fundo básico para as roupas. E como as alunas ficam o tempo todo sentadas no palco, fazendo com que o figurino faça parte do cenário, utilizamos as cores do chakras como pontos de luz que vão iluminá-las.”
Carol Saletti completa que no ‘Equilíbrio é Verbo’ nada pode virar lixo, tudo tem que ser aproveitado. “Mesmo em um espetáculo sustentável, existe a necessidade de comprar alguns materiais. A orientação foi pensar se realmente era necessário comprar, sobre a origem e o tipo do material utilizado e se depois seria aproveitado. Qual seria a utilidade para aquele material comprado após o espetáculo? Inclusive os elementos do cenário, as correntes e os bambolês, terão que ter um fim útil.”
Coreografias
No livro “O Essencialismo: a disciplinada busca por menos” o título de cada capítulo é um verbo e, no seu conteúdo, o autor escreve sobre como esta ação auxilia a ter uma vida mais simples e feliz. Essa foi a estrutura escolhida por Carol Saletti para a montagem de “Equilíbrio é Verbo”, em que as 180 alunas dançam 20 coreografias inspiradas em 20 verbos. “As coreografias apontam ora para nosso equilíbrio, ora para as ações que nos levam ao desequilíbrio, sejam eles do organismo, do corpo, da mente, sociedade ou do planeta. E assim, colocamos no palco 20 coreografias dançadas por 180 mulheres maduras, mostrando que a vida está em constante mudança. E que para chegar-se ao equilíbrio, ou se aproximar dele, muitas ações são necessárias”, diz Carol Saletti.
Os verbos escolhidos são: concentrar, conectar, escolher, aceitar, agradecer, equilibrar, limitar, ousar, brincar, criar, fluir, focar, preocupar, usurar, suavizar, desacelerar, consumir, naufragar, reciclar e nutrir. “Quatro dos 20 verbos que simbolizam o desequilíbrio. Preocupar: as alunas falam da ansiedade, do estar sempre alerta, expressando pelos movimentos do corpo as sensações e os transtornos que esse sentimento nos causa; Usurpar: faz alusão ao grupo de pessoas que está sempre querendo levar vantagem, comentando pequenos delitos do dia a dia em prol si mesmo; Consumir: aborda o consumismo desnecessário, com uma coreografia cheia excessos, cores e iluminação, dançada ao som da música ‘Diamonds Are a Girl’s Best Friend’, cantada pela Marilyn Monroe, com a participação especial do cenário vivo, quando cada aluna dança com uma sacola de loja; e Reciclar: coreografia dançada pelas professoras, que deitadas nos chão são cobertas pelo cenário feito de sacolas de plásticos, trazendo para o centro da reflexão a necessidade do equilíbrio para que o que estamos produzindo não nos consuma”, explica Carol Saletti.
O encerramento de “Equilíbrio é Verbo” será com o grupo de alunas de canto chamado Vozes do Casulo, cujas aulas são ministradas pela cantora Celinha Braga, parceira do Casulo Espaço e Tempo de Dança. “A Celinha fará duas apresentações especiais. Na primeira, fará um dueto com uma criança, enquanto as mães e filhas dançam com suas filhas a música ‘A Criança que eu fui um dia’. No encerramento, as Vozes do Casulo cantam o verbo “nutrir” questionando o público sobre o que realmente é essencial e nutre cada um de nós? Será uma grande celebração da vida.”
Trilha Sonora
A trilha sonora do espetáculo traz artistas nacionais e internacionais, como Lagum, Maria Bethânia, René Aubry, Roberta Sá, Reverb Poesia, Barbatuques, Divan Gattamorta, Pink Martini, Luiz Bonfá, Almir Sater, Marilyn Monroe, Max Richter, Titãs e outros. “São músicas antigas e atuais, cantadas e instrumentais, que nos ajudam a criar um ambiente sonoro propício para refletirmos sobre cada ação (verbo) que pode nos auxiliar na busca de equilíbrio”, diz Carol Saletti.
Acesse a play list do espetáculo: https://open.spotify.com/playlist/3MsoZaJsgVdhCYQn5EXZuo?si=vdWjwHxTTki1m1_xoGPDBQ&pi=-yf6u02cQI-S4
SERVIÇO
Espetáculo “Equilíbrio e Verbo”
Casulo Espaço e Tempo de Dança
Dias 16 e 17 de outubro, quarta às 21h, quinta às 18h30 e 21h
Teatro SESIMINAS
(Rua Padre Marinho, 60, Santa Efigênia – BH/MG)
Duração do espetáculo: 1h20
Classificação: livre
Ingressos:
R$ 60,00 meia (valor único, até o dia 15.10)
R$ 60,00 meia e R$ 120,00 inteira (após o dia 15.10)
Vendas pelo site Sympla (https://bileto.sympla.com.br/event/98947)
e na bilheteria do teatro.