Uma nova leva de restaurantes tem ressignificado a cena gastronômica de Belo Horizonte com propostas que aliam repertório técnico, estética apurada e visão autoral. São casas que olham para o mundo, mas fincam os pés no território. A Albertina, a Casa Riuga e o novíssimo Tom — ainda em fase de testes — revelam uma cidade em transformação.
Com projeto recém-concluído e previsão de abertura nas próximas semanas, o Tom ocupa um espaço na Galeria São Vicente, edifício histórico em processo de revitalização no centro de BH, e propõe uma “cozinha de herança”, conceito criado pela chef Ana Clara Ribeiro Valadares. A ideia é articular memórias, ingredientes e tradições de matriz africana, indígena, portuguesa e rural a técnicas contemporâneas e uma escuta atenta ao tempo e à cidade. É uma cozinha de ingrediente, direta e precisa, que se organiza em torno da partilha.
O salão, com vista para os prédios do centro e projeto visual bem pensado, reforça o desejo de ocupar a cidade de forma criativa e atual — em contraste com propostas que se popularizaram nos últimos anos, voltadas à celebração da cultura tradicional em nova roupagem. O restaurante também é idealizado por Túlio D’Angelo, nome por trás de casas como Palito, Fubá, Bolacha e Charcutaria Central, além de responsável pela curadoria da própria Galeria São Vicente.
Nos arredores, outras casas já dão corpo a esse novo momento da gastronomia local. A Casa Riuga trabalha com pequenos pratos para compartilhar, formato consagrado em cidades como Paris, Nova York, Copenhague e Barcelona. Já a Albertina trouxe a panificação para o centro da mesa, outra grande tendência atual, combinando produção artesanal com um olhar preciso sobre ingredientes e apresentação.
Mais do que uma tendência, o que se vê é a construção de uma cena gastronômica mais madura, plural e cosmopolita — em sintonia com o que se espera de uma capital em movimento.