Agosto, o mês do excesso: quando o corpo pede socorro e a agenda diz reunião

Pressão para entregar, reuniões sem fim e decisões mal pensadas: Edith Cardoso propõe que o mês mais longo do ano seja usado para reprogramar hábitos organizacionais nocivos à saúde da liderança.

Agosto costuma ser descrito como o mês mais longo do ano. No imaginário coletivo brasileiro, ele é associado a peso, lentidão e exaustão. Mas por que isso acontece? Para Edith Cardoso, especialista em liderança regenerativa, o problema não está em agosto, e sim na forma como empresas estruturam sua rotina e pressionam líderes a manter um ritmo insustentável ao longo de todo o ano.

“A rotina corporativa, especialmente para quem lidera, está baseada em uma lógica de preenchimento contínuo. Reuniões, metas, urgências e decisões acumuladas transformam os dias em maratonas cognitivas. Em agosto, o corpo já está no vermelho e a mente começa a dar sinais de colapso”, explica Edith.

A especialista alerta para um fenômeno cada vez mais comum nas empresas: o excesso de ocupação como forma de status. Agendas lotadas, inbox sempre cheio e reuniões em sequência são vistas como sinônimo de produtividade, quando, na verdade, são sinais de desorganização sistêmica. “Uma mente sobrecarregada não tem espaço para refletir, inovar ou liderar com clareza. E quando isso se prolonga por semanas, o que vemos são líderes em piloto automático, tomando decisões mal pensadas ou simplesmente evitando decisões difíceis”, analisa.

A síndrome de agosto é, na prática, um sintoma de um modelo de trabalho que favorece urgência acima de estratégia, quantidade acima de qualidade e ocupação acima de presença real. Edith propõe que esse seja o momento ideal para uma virada de chave: transformar agosto no mês da reprogramação consciente. “É quando tudo parece pesado que temos mais chance de perceber o que precisa ser revisto”, afirma.

Entre as práticas sugeridas por ela estão:

  • Redução estratégica de reuniões e adoção de ciclos de foco profundo

  • Reavaliação de metas irrealistas impostas no primeiro semestre

  • Espaços na agenda para reflexão, pausas regenerativas e realinhamento de propósito

  • Estímulo à escuta e à vulnerabilidade entre equipes

O objetivo não é apenas aliviar a pressão, mas reestruturar a forma como se trabalha. “Se agosto é o mês do excesso, podemos fazer dele o mês da escolha. Que tal escolher priorizar o que realmente importa, simplificar processos e recuperar o fôlego antes da reta final do ano?”, propõe Edith.

A mudança não exige grandes revoluções, ela começa com pequenos ajustes na cultura organizacional e no comportamento da liderança. E o resultado pode ser surpreendente: mais clareza, mais conexão e decisões com mais impacto.

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