Organizações da Sociedade Civil se consolidam como parceiras essenciais para transformar metas de sustentabilidade em impacto real, mas desafios como burocracia e desinformação limitam essa colaboração
Com a crescente pressão de investidores e consumidores por práticas ESG (Ambiental, Social e Governança), empresas brasileiras buscam ir além do discurso e implementação de ações com impacto socioambiental concreto e mensurável. Nesse cenário, as Organizações da Sociedade Civil (OSCs) – como institutos e fundações – emergem como parceiras estratégicas indispensáveis, oferecendo a expertise e a capilaridade necessárias para transformar compromissos corporativos em realidade.
A aliança entre o setor privado e o terceiro setor está evoluindo de um modelo de filantropia tradicional para um formato de investimento social estratégico. As empresas estão descobrindo que, para cumprir metas ambiciosas – como reduzir emissões de carbono, promover a inclusão em cadeias de valor ou desenvolver comunidades –, precisam do conhecimento técnico e da legitimidade que as OSC’s construíram ao longo de décadas de atuação.
“A parceria ESG bem-sucedida não é sobre a empresa apenas assinar um cheque. É sobre soluções em conjunto”, afirma o advogado Tomáz de Aquino Resende. “As OSC’s possuem um profundo conhecimento do território, das demandas locais e das metodologias para medir o impacto social. Elas são a ponte que conecta a estratégia de sustentabilidade de uma empresa com as necessidades reais da sociedade.”
Obstáculos
Apesar do enorme potencial, a colaboração ainda enfrenta barreiras significativas visto que muitos gestores corporativos ainda enxergam as OSC’s com desconfiança ou desconhecem como estruturar parcerias seguras e eficientes.
“Persistem obstáculos como a burocracia excessiva, a falta de clareza sobre os marcos legais que regem as parcerias e um receio jurídico que, muitas vezes, é fruto de desinformação”, explica Tomáz de Aquino Resende. “Do lado das OSC’s também há o desafio de se profissionalizar na comunicação com o mundo corporativo, traduzindo seu impacto em indicadores que façam sentido para a estratégia de negócio do parceiro.”
Superar essa lacuna é fundamental. Para as empresas, associar-se a organizações sérias e com resultados comprovados é a forma mais eficaz de mitigar riscos de reputação e evitar o chamado socialwashing. Para as OSC’s, essas parcerias representam uma fonte vital de recursos e a oportunidade de escalar seu impacto.
A tendência é clara: a agenda ESG não será cumprida de forma isolada. O futuro da sustentabilidade corporativa no Brasil passa, necessariamente, pelo fortalecimento de alianças inteligentes, transparentes e de longo prazo com a sociedade civil organizada.