O Parque do Palácio inaugura, no dia 24 de agosto, a exposição “Absurdo da Forma”, individual do artista mineiro Carlos Fiorenttini (1951), com curadoria de Sarah Ruach. A mostra ocupa os interiores do Palácio das Mangabeiras e apresenta um conjunto de obras que percorrem seis décadas de produção, revelando o diálogo entre rigor técnico, precisão geométrica e liberdade poética que marcam sua trajetória.
Uma carreira que atravessa continentes
Fiorenttini começou cedo: aos 13 anos já se dedicava ao retrato, abrindo caminho para uma obra que ganharia força ao longo de seis décadas. Sua trajetória inclui residências na Austrália, Uruguai, França e Itália, países que guardam parte significativa de seu acervo e que ampliaram sua perspectiva para além das fronteiras mineiras. Essa vivência internacional consolidou um olhar cosmopolita e transnacional, sem nunca romper com as raízes estéticas de sua formação inicial.
Na exposição em Belo Horizonte, sua cidade natal, o artista apresenta um recorte que reúne fases distintas de sua produção, compondo um percurso exógeno em relação à sua própria história. Se por anos sua obra circulou pelo mundo, “Absurdo da Forma” propõe um reencontro entre o artista e a cidade, traduzido em telas que combinam disciplina geométrica e abertura ao sonho.
Entre precisão e delírio
O trabalho de Fiorenttini se caracteriza por uma constante tensão entre ordem e devaneio. O traço é meticuloso, rigoroso, mas se abre a composições em que o real parece à beira do surreal. Essa combinação gera imagens em que a lógica se dobra à imaginação, evocando tanto a precisão técnica quanto a liberdade criativa.
O texto curatorial, assinado por Sarah Ruach, ressalta que “o surrealismo não é uma aversão ao real, mas um atravessamento deste, uma elaboração inquieta entre metáfora, precisão e a permeabilidade do concreto”. Nas palavras da curadora, Fiorenttini nos conduz ao “absurdo da forma e da beleza”, em um campo onde a imaginação não se opõe ao real, mas o expande.
“Esta mostra é, antes de tudo, um retorno. O retorno da obra de Carlos Fiorenttini a Belo Horizonte, depois de uma trajetória que atravessou continentes e estilos. A exposição revela um artista de disciplina geométrica e técnica, mas que se abre para uma criação onde o real e o surreal se tocam. A cada tela, Fiorenttini nos lembra que a arte é tanto precisão quanto liberdade, tanto rigor quanto sonho”, completa Ruach.
O centenário do Surrealismo
A realização de “Absurdo da Forma” ganha ainda mais relevância por marcar o encerramento oficial do programa de celebrações do centenário do Surrealismo, movimento fundado por André Breton em 1924. Cem anos depois, a exposição revisita esse legado a partir de um olhar pessoal e contemporâneo, em que o sonho permanece como força criativa fundamental.
O surrealismo, como destaca Ruach, não é apenas um gesto de ruptura, mas também de continuidade: a liberdade de sonhar enquanto se vive o sonho. É nesse terreno que a obra de Fiorenttini se insere, ampliando o horizonte de possibilidades da forma e do pensamento.
Serviço
Exposição: Absurdo da Forma
Artista: Carlos Fiorenttini
Curadoria: Sarah Ruach
Local: Palácio das Mangabeiras – Parque do Palácio
Endereço: Rua Professor Djalma Guimarães, 161 – Portaria 2, Belo Horizonte
Abertura: 24 de agosto
Visitação:
- Quarta a sexta: 10h às 18h
- Sábados e domingos: 9h às 18h
foto: Carlos Fiorenttini e Sarah Ruach
Lucas Vimieiro