Luiza Baldan estreia programação no Brasil com palestra performática e lançamento de livro no Museu Mineiro, em Belo Horizonte

 

Projeto “Como Olhar Junto” propõe reflexões sobre memória,

 pertencimento e resistência

 

No dia 24 de julho, a artista visual Luiza Baldan apresenta, no Museu Mineiro, em Belo Horizonte, a  performance “Como Olhar Junto”, acompanhada do lançamento do livro , ao lado do artista sonoro Nico Espinoza. A atividade marca o início da programação brasileira do projeto – que começou em Lisboa (Portugal) , que propõe uma investigação sensível e colaborativa sobre paisagens afetivas, deslocamento e vínculos com o território.

 

A carioca Luiza Baldan, que vive em Portugal, conta que a escolha do Museu Mineiro para a estreia deste trabalho no Brasil se deu, em grande parte, por causa da arquitetura do espaço. “O Museu Mineiro tem uma cúpula de vidro, e dela sobe uma árvore até o andar de cima. Quando vi as fotos desse lugar, fiquei muito encantada com essa arquitetura e com a possibilidade de fazer a instalação, com as bandeiras ao redor da cúpula, quase como se as pessoas retratadas estivessem de mãos dadas em volta dessa árvore. Achei que era um lugar propício”, diz ela. A artista está esse mês na Serra do Cipó, no interior de Minas Gerais,  realizando uma pesquisa sobre o passado “marítimo” do local.

 

Sobre o projeto “Como Olhar Junto”

 

“Comecei o projeto propondo encontros semanais de partilha de histórias de vida, e fui conhecendo as ruas e casas da Cova do Vapor por intermédio dos próprios moradores, de forma gradual, com o intuito de encontrar as casas que haviam sido transferidas para outros lugares para fugirem do avanço do mar. Tudo isso aconteceu por intermédio da Biblioteca do Vapor, um projeto comunitário gerido por voluntários, que desempenhava um papel cultural fundamental em um vilarejo com escassas opções”, relata Luiza Baldan.

 

Segundo a artista, a cada semana era proposto um tema para uma conversa livre, considerando que a ideia inicial de realizar uma oficina de escrita não se mostrava viável, já que muitas das pessoas participantes eram idosas, algumas com dificuldades de visão ou em situação de semi alfabetização. Mais do que a memória em si, o interesse estava na relação das pessoas com aquele lugar através do tempo, mas especialmente no tempo presente, ainda que moldada pela experiência de quem testemunhou tantas mudanças em tão pouco tempo.  Aos poucos, os encontros na biblioteca tornaram-se também momentos de convivência e afeto, com comidas, bebidas e conversas que iam além das histórias: falava-se de desejos, anseios, política, música e das muitas pessoas que compõem a história da Cova do Vapor, uma aldeia de pouco mais de cem anos. As conversas eram gravadas para que trechos pudessem ser ouvidos posteriormente e integrados ao projeto.

O tempo do projeto na Cova do Vapor influenciou profundamente a percepção do território e a materialização do projeto. “Qualquer observação e intimidade demandam tempo. Em todos os meus projetos, dependo do convívio contínuo para entender o que daquela observação me interessa, como vou trabalhar essas percepções e quais resultados a experiência pode proporcionar a mim e aos outros”, afirma a artista.

 

Sobre o livro

 

O livro reúne imagens do arquivo pessoal e familiar da artista e da Biblioteca do Vapor, além de uma série fotográfica de retratos e paisagens realizada desde 2023 como parte de uma pesquisa relacional e comunitária na Cova do Vapor. É um livro rizomático, que se compõe a partir de um texto polifônico escrito por Baldan e se ramifica em registros da memória material e arquitetônica em transformação, incluindo retratos específicos para o projeto em lugares de relevância escolhidos pelos retratados.

A publicação revisita situações e cartografias afetivas que criam uma ponte entre Cabo Frio, no Brasil, atravessando a história de vida da autora e a zona litorânea de bifurcação entre o Rio Tejo e o Oceano Atlântico, onde se situa a Cova do Vapor. Ambos os lugares são territórios de pertencimento.

O livro também documenta algumas atividades realizadas com os moradores, incluindo duas performances e uma mostra de retratos impressos em tecido e expostos na beira da praia, e conta com textos escritos por colaboradores do projeto, como Eduardo Gomes (Biblioteca do Vapor), Cristiana Tejo (NowHere Lisboa), Maria do Socorro e Manuela Fidalgo.

 

Livro “Como Olhar Junto” (Luiza Baldan) Fotô Editorial, 168 páginas, ISBN 978-85-63824-66-0. Textos em português e inglês.

 

O projeto editorial tem o apoio da DGArtes. República Portuguesa/Cultura e Direção-Geral das Artes/Programa de Apoio a Projetos – Artes Visuais 2024

 

Outras cidades

Depois da estreia em Lisboa, com conversas públicas e projeção de vídeo, o projeto percorre outras cidades do Brasil entre julho e setembro de 2025, promovendo uma série de ações em diálogo com cada contexto local. Além de Belo Horizonte, a agenda passa por Rio de Janeiro, São Paulo e Cabo Frio (RJ), com performances, exposições fotográficas, sala de vídeo e rodas de conversa.

 

No dia 30 de julho, será inaugurada a exposição individual de fotografias de Luiza Baldan na Galeria Mercedes Viegas, no Rio de Janeiro. Em seguida, no dia 12 de agosto, acontece nova palestra performática na EAV Parque Lage, também no Rio, seguida de conversa com o escritor Frederico Coelho e Nico Espinoza. A programação continua em São Paulo, com a inauguração da sala de vídeo no Ateliê 397, no dia 16 de agosto.

No dia 22 de agosto, o projeto chega a Cabo Frio com o lançamento do livro e um bate-papo com a artista no Centro Cultural Charitas. A última etapa da circulação acontece novamente em São Paulo, com uma performance no Ateliê 397 no dia 9 de setembro, ao lado de Nico Espinoza, seguida de conversa com a co-diretora e montadora do vídeo, Patrícia Black. No dia seguinte, 10 de setembro, o vídeo “Como Olhar Junto” será exibido na abertura do Festival FotoRio, no Centro Cultural da Justiça Federal, no Rio de Janeiro.

 

Sobre a artista

 

Luiza Baldan é artista visual, pesquisadora e curadora. Doutora e mestra em Linguagens Visuais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ, 2020/2010) e bacharel em Artes Visuais pela Florida International University (EUA, 2002), desenvolve, desde o ano 2000, uma prática baseada em exercícios de observação multissensorial, muitas vezes realizados em residências temporárias ou em deslocamentos. Seus trabalhos resultam em fotografias, textos, instalações de áudio e vídeo, incluindo projetos colaborativos.

 

Sua pesquisa e produção artística se concentram especialmente nas relações entre moradia, deslocamento e memória, explorando os vínculos entre pessoas, espaços e histórias. Suas obras integram importantes coleções públicas e privadas, e têm sido amplamente exibidas, premiadas e publicadas.

 

Entre os principais projetos e exposições, destacam-se: “De Ciudad Abierta a Ventanas” (em colaboração com Nico Espinoza, Maura Grimaldi e Patricia Black), NowHere, Lisboa (PT, 2023); “Terra em tempos: fotografias do Brasil”, MAM Rio (BR, 2022); “Schlange” (Sensing the city – Sense of the city), Projektraum Zwitschermaschine, Berlim (ALE, 2022); 17ª Mostra Internazionale di Architettura – Participazioni Nazionali (Brasil), Bienal de Veneza (IT, 2021); Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira (PT, 2021); “Estofo”, Galeria Anita Schwartz (BR, 2017); “Perabé”, finalista do Prêmio PIPA, MAM Rio (BR, 2016) e Centro Cultural São Paulo (BR, 2015); “Build Up”, MdM Gallery (FR, 2014); e “Índice”, MAM Rio (BR, 2013).

 

Foi contemplada com prêmios como: Stipendium-Sonderprogramm, Senatsverwaltung für Kultur und Europa (ALE, 2020); Viva Arte!, SMC RJ (BR, 2015); e o XI Prêmio Marc Ferrez de Fotografia da Funarte (BR, 2010). Desenvolveu o projeto “Monumentalidade como Coletividade” para a publicação “O MASP de Lina: 50 anos do edifício na Avenida Paulista” (BR, 2018) e participou do Clube de Colecionadores de Fotografia do MAM-SP (BR, 2016).

Publicou dois livros: “Derivadores” (com Jonas Arrabal, 2016) e “São Casas” (2012). Além de sua atuação como artista e pesquisadora, colabora com instituições de arte e espaços independentes como orientadora de projetos, produtora e curadora. Atualmente, é co-gestora do espaço NowHere, em Lisboa, e vive entre Portugal e Brasil.

 

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Links:

 

Fotos: Como Olhar Junto – Luiza Baldan

Portfólio: https://Luizabaldan.framer.website/bio

Projeto “Como Olhar Junto”: https://Luizabaldan.framer.website/comoolharjunto

 

SERVIÇO

Projeto “Como Olhar Junto” – Luiza Baldan

Data: 24 de julho de 2025 (quinta-feira)

Horário: 19 horas

Atividade: Palestra performática com Nico Espinoza e lançamento do livro Como Olhar Junto

Local: Museu Mineiro

Endereço: Avenida João Pinheiro, 342 – Lourdes, Belo Horizonte – MG

Entrada: Gratuita

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