“Convido cada mulher que lidera, trabalha e sonha com uma política melhor a se juntar a esse movimento”, afirma a fundadora, Flávia Freitas
A trajetória da Associação Mineira de Municípios (AMM), que há 72 anos representa e defende os interesses das cidades mineiras, ganha um novo capítulo marcado pela inclusão e protagonismo feminino: o Movimento Mulheres Municipalistas de Minas Gerais (MMM-MG). Pela primeira vez na história da entidade, um movimento voltado exclusivamente para incentivar a participação da mulher na política e valorizar o trabalho das prefeitas e lideranças femininas municipais está em evidência.
O MMM-MG é um desdobramento do Movimento Mulheres Municipalistas nacional, criado em 2017, em Brasília, por Tania Ziulkoski, que atua há décadas nos bastidores da política. Em Minas Gerais, o movimento foi fundado pela jornalista, pedagoga e especialista em Comunicação Pública, Flávia Freitas.
“Esse movimento nasceu da necessidade de incentivar a participação das mulheres nos espaços de poder e valorizar o trabalho das prefeitas, vereadoras e lideranças femininas que transformam a realidade dos nossos municípios diariamente. As mulheres têm um papel fundamental na construção de políticas públicas mais humanas, inclusivas e sensíveis às necessidades da nossa população”, afirma a fundadora.
Ela ressalta que, além de ser um movimento apartidário, mulheres de todas as esferas políticas e segmentos da economia podem participar. Entre as integrantes já confirmadas, além de dezenas de prefeitas, estão a deputada Federal Greyce Elias; a deputada estadual Alê Portela; a vice-prefeita de Santa Maria de Itabira, Renata Duarte Tomaz; a procuradora municipal de Rio Pardo de Minas, Andressa Viana Martins; a vereadora Lilia Aparecida Caetano, de Dionísio; a primeira Dama de Pocrane, Maristela Dionis; e a Assessora-executiva do gabinete da presidência da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), Flávia Viegas.
Compromisso com o futuro
O Movimento Mulheres Municipalistas de Minas Gerais (AMM-MG) é mais do que uma iniciativa. É um compromisso com o futuro. “Um futuro em que a política seja, cada vez mais, um reflexo da diversidade e da força da nossa sociedade. Estamos plantando uma semente que vai inspirar novas lideranças e fortalecer a presença feminina nas tomadas de decisão. Convido cada mulher que lidera, trabalha e sonha com uma política melhor a se juntar a esse movimento. Porque Minas Gerais só será verdadeiramente forte quando todos os seus talentos, de homens e mulheres, forem reconhecidos, valorizados e colocados a serviço do bem comum”, complementa Flávia.
Em um cenário em que a política ainda é predominantemente masculina, a criação do MMM-MG simboliza um marco para Minas Gerais, não apenas pela inclusão, mas pelo fortalecimento da voz e da liderança feminina nos municípios. “Precisamos mostrar para outras mulheres que nós temos a capacidade e o poder de estarmos onde quisermos, inclusive na política”, afirma a prefeita Xanda Maria, Serrania, no Sul de Minas.
A primeira mulher eleita de Carmo da Mata, Mônica Borges, concorda. “Muitas mulheres são convidadas a participar de grupos políticos para compor chapa, não pelo interesse real da participação feminina. E isso tem que mudar. O nosso único caminho é a gente se juntar e tornar mais profissional a participação feminina na política. Já estou no Movimento Mulheres Municipalistas de Minas Gerais de corpo e alma. Ele vai ajudar a todos, não só às mulheres”, afirma.
Por que criar o Movimento em MG
Minas Gerais é um estado com 853 municípios e uma rica diversidade cultural, social e econômica. Apesar da importância das cidades mineiras, a presença feminina nas prefeituras e câmaras ainda é reduzida. Dados mostram que, embora as mulheres representem mais de 50% da população, o número de prefeitas e vereadoras eleitas não reflete essa realidade.
Diante desse cenário, o MMM-MG surge como um instrumento para mudar essa realidade, promovendo capacitação, diálogo e incentivo à participação feminina na gestão pública. Mais do que aumentar os números, o movimento busca transformar a visão sobre o papel da mulher na política, reconhecendo a competência, a sensibilidade e a força feminina como fundamentais para o desenvolvimento social e econômico dos municípios.
Valorizar quem já faz a diferença
Outro objetivo do MMM-MG é valorizar as mulheres que já ocupam cargos de liderança municipal. Prefeitas, secretárias, vereadoras e outras lideranças femininas frequentemente enfrentam desafios adicionais, como preconceitos e desigualdades, mas continuam desempenhando papéis fundamentais em suas comunidades. O movimento se compromete a dar visibilidade ao trabalho dessas mulheres, inspirando novas gerações a seguirem o mesmo caminho.
Um marco histórico para a AMM
A criação do Movimento Mulheres Municipalistas representa um divisor de águas na história da AMM. Após 72 anos de atuação, essa iniciativa sinaliza um compromisso renovado com a equidade e o progresso social. Mais do que uma conquista para as mulheres, o MMM é uma vitória para toda a sociedade, pois promove um modelo de gestão mais inclusivo, justo e representativo.
Com o MMM-MG, Minas Gerais dá um passo importante rumo à construção de um cenário político mais plural e equilibrado, em que as mulheres não apenas participam, mas lideram com protagonismo. Afinal, fortalecer a política municipal é reforçar a base da democracia, e incluir as mulheres nesse processo é essencial para garantir um futuro mais igualitário e promissor para todos.
Números que refletem a participação feminina na política
– No dia 1º de janeiro de 2025, 68 mulheres tomarão posse como prefeitas em Minas Gerais, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Este número é 17% maior do que nas eleições municipais de 2020, quando 58 prefeitas foram eleitas no estado.
– Apesar desse progresso em relação às últimas eleições, o número de mulheres que ocupam o cargo de prefeita em Minas Gerais ainda é significativamente inferior ao de homens. Segundo o TSE, 92,06% dos eleitos para chefes do Executivo no estado são homens, totalizando 777 prefeitos.
Elas representam:
● 52% do eleitorado
● 20% das vagas no Congresso
● 12,25 das prefeituras no Brasil
● 22% dos municípios de Minas não têm vereadoras
● 39% dos municípios de Minas Gerais têm apenas uma vereadora
(Dados: Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher (Nepem/ UFMG)
– No Brasil, a legislação eleitoral exige que partidos políticos assegurem um mínimo de 30% e um máximo de 70% de candidaturas de cada sexo.
– Na eleição de 2024, foram identificados 279.011 registros de candidaturas masculinas e 152.930 femininas, correspondendo a 64,59% e 35,41%, respectivamente.
Este número de registro corresponde a uma diminuição de mais de vinte sete mil candidaturas femininas. Apesar da redução na porcentagem de mulheres, houve um aumento relativo de 1% do percentual do total de candidaturas em relação às eleições municipais de 2020. Ou seja, os homens têm se interessado cada vez mais por política.
Noventa e seis anos após a primeira prefeita eleita no Brasil, a eleição de mulheres ao cargo de prefeita é crescente desde então, com exceção das eleições municipais de 2016, único ano em que o número de eleitas diminuiu. O número de mulheres eleitas este ano, além de ser o maior já registrado, representa mais do que o dobro em 24 anos.
(Fonte: NOTA TÉCNICA N°6 – Observatório Nacional da Mulher na Política- Estudo sobre o cumprimento da cota de participação feminina nas Eleições Municipais de 2024 por partidos e federações – 4/10/24)