Fintechs brasileiras apostam em expansão controlada e tecnologias disruptivas para crescimento sustentável

Pesquisa da PwC Brasil e ABFintechs revela ênfase no capital próprio e crescimento do mercado B2B, com automação e IA como pilares estratégicos

Depois de um período de desaceleração no crescimento, as fintechs brasileiras passam por um período de consolidação e estabilidade econômica. Sustentabilidade financeira, otimização de recursos e crescimento sólido e sustentável estão entre as prioridades dessas empresas. Essas são algumas das conclusões da pesquisa Fintech Deep Dive, realizada pela PwC Brasil e Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs) e que ouviu empresas brasileiras nos meses de julho e agosto de 2024.

Tecnologias disruptivas, como inteligência artificial e blockchain, se destacam como soluções essenciais para reforçar a competitividade e a eficiência no mercado. A oferta de crédito e meios de pagamento continuam a liderar entre os setores de atuação. Ao mesmo tempo, o foco no mercado B2B ganha força e cresceu de 40% para 64% na edição deste ano, o que mostra uma tendência clara de concentração no atendimento a pessoas jurídicas, especialmente pequenos e médios empresários.

A grande maioria das fintechs ouvidas na pesquisa, 73%, foi fundada há menos de cinco anos e quase dois terços têm menos de 20 funcionários. Ainda assim, mais da metade delas (51%) já atingiu o ponto de equilíbrio financeiro, com um crescimento moderado entre 1% e 50%. Esse dado indica uma transição para um ambiente econômico mais estável depois das flutuações dos últimos anos.

“Observamos que as fintechs estão adotando naturalmente uma abordagem ainda cautelosa de crescimento e captação de investimentos. As empresas mais jovens, em especial, estão ainda em um processo de amadurecimento, em que o crescimento não é apenas uma meta, mas uma jornada cuidadosamente gerenciada para mitigar riscos das suas mais diversas origens. Além disso, uma grande barreira enfrentada por essas empresas é a dificuldade de estabelecer uma marca forte e visível, o que é crucial para atrair tanto clientes quanto investidores. Essa luta pela visibilidade e reconhecimento destaca a importância de estratégias e relacionamentos bem planejados no ecossistema competitivo atual”, comenta Willer Marcondes, sócio da Strategy& e líder de consultoria em serviços financeiros da PwC.

Autonomia e concorrência
A pesquisa Fintech Deep Dive 2024 também revela um aumento significativo no uso de capital próprio, após um período de maior dependência de fundos em 2023. Enquanto, no ano passado, a dependência de investimento de fundos foi de 38%, neste ano reduziu para 15%. Isso indica um ambiente de maior cautela, no qual as empresas preferem fortalecer a autonomia financeira e reduzir a exposição a investidores. Os recursos internos representam 69% das fontes de financiamento primário das operações financeiras.

Em um ambiente econômico mais estável, a pesquisa revela otimismo para 2024, com mais empresas esperando um crescimento expressivo e uma redução nas expectativas de expansão modesta, refletindo maior confiança no mercado. Neste ano, 55% das empresas pesquisadas projetam aumentos acima dos 100%, frente aos 41% registrados na pesquisa anterior.

Entre os principais desafios apresentados, a falta de exposição da marca era vista em 2023 como um desafio para 26% dos participantes, mas chegou a 46% este ano. A concorrência era uma preocupação limitada a poucos atores do setor (4%), mas passou a ser citada por 32% dos entrevistados. A crise econômica/política, em contrapartida, já foi uma questão para 52% das fintechs em busca de investimento, mas neste ano foi apontada como um impeditivo para apenas 25%.

“As fintechs brasileiras se adaptaram bem ao cenário recente de incerteza econômica e restrição de capital, ajustando suas operações para serem mais enxutas e sustentáveis. Essa adaptação envolve redução de custos, priorização de gastos em áreas essenciais, como o desenvolvimento de produtos, e expansão menos agressiva. Elas passaram a focar em conquistar e manter clientes de forma mais cautelosa, buscando criar portfólios sólidos que possam atrair novos negócios de maneira mais segura e sustentável. Foi uma resposta positiva e necessária às condições de mercado e permite que as empresas prosperem em um ambiente de maior competição e menos disponibilidade de capital, preparadas para futuros desafios.”, completa Diego Perez, presidente da ABFintechs.

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