Lente de contato e a prática esportiva: como se adaptar?

Gesto do judoca Willian Lima nas Olimpíadas chama atenção para os cuidados com a lente durante a prática esportiva

A cena chamou atenção da torcida, dos comentaristas e, principalmente, dos médicos especialistas. Durante uma luta que valia vaga na semifinal das Olimpíadas de Paris, o brasileiro Willian Lima pediu um tempo ao árbitro, se agachou, pegou algo no tatame e levou até o olho esquerdo. O narrador esportivo se surpreendeu com a precisão do judoca, que colocou a lente de contato sem auxílio de um espelho ou de outra pessoa. E, não demorou para que a situação virasse assunto na internet.

O que, para muitos, foi algo engraçado e até mesmo possível somente a um atleta de alto rendimento, para oftalmologistas foi visto como um risco. “O gesto do judoca, aumenta muito o risco de infecção ocular já que a lente retirada do tatame pode trazer microorganismos que causam infecções ou ainda vir carregada de corpos estranhos que podem causar lesões à superfície ocular”, explica a médica oftalmologista, Marina Carvalho da Oftalmologia Felício Rocho.

Para o professor de Judô e Jiu Jitsu, Gabriel Reis, o ideal é que Willian Lima tivesse feito a troca por uma lente reserva, como é recomendado para competições oficiais. “Não existe uma proibição de entrar no tatame com lente, porém, como luta é um esporte de alta intensidade e contato, é comum que ela caia. Se isso ocorrer, tem que trocar, de preferência por um modelo gelatinoso que não tem risco de quebrar e machucar alguém”, explica.

Visão turva

Já a ginasta Rebeca Andrade, de vinte e cinco anos, que está em sua terceira Olimpíada, recentemente revelou que compete com a visão turva. Ela tem alto grau de miopia em um olho e de astigmatismo em outro, mas não usa lente nem mesmo durante os treinos. Em vídeos que circulam pela internet, Rebeca chama atenção por não conseguir nem mesmo enxergar as notas no painel após uma apresentação. Em uma entrevista recente, ela comentou que não usa lente por medo de cair magnésio nos olhos e atrapalhar a execução.

“O pó de magnésio, utilizado para absorver o suor das mãos, pode cair nos olhos e entrar na lente, causando pequenos arranhões ou até uma infecção se a lente não for removida imediatamente”, explica Marina Velloso.

E ela orienta: “Converse com o médico responsável pela indicação e crie uma estratégia para que prática esportiva e a qualidade da visão caminhem juntas para o bem-estar geral. O importante é ter conforto durante o uso das lentes. Elas foram criadas para facilitar o dia-a-dia de quem tem algum problema ocular e não podem gerar desconforto e nem preocupações”.

Dado interessante: Segundo a Sociedade Brasileira de Lentes de Contato – SOBLEC, cerca de 140 milhões de pessoas em todo o mundo usam lentes para corrigir problemas diversos, como miopia, hipermetropia, astigmatismo e presbiopia (baixa visão para perto que ocorre por volta dos 40 anos).

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